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Esplendores e maravilhas do Uzbequistão

Por Chantal Manoncourt

Em Paris, o Instituto do Mundo Árabe e o Museu do Louvre revivem a Rota da Seda, exibindo tecidos bordados com fios de ouro, jóias, esculturas e outras maravilhas do Uzbequistão.

Um desfile extravagante aguarda os visitantes do Instituto do Mundo Árabe. Um total de 300 peças, nunca expostas fora dos museus do Uzbequistão, refletindo a magnificência dos trajes dos emires de Bukhara e sua corte. Em suas janelas individuais ou suspensas no ar como em um sonho colorido, majestosos casacos de veludo de seda bordados com fios de ouro, chamados chapan, brilham. Os trajes femininos, menos numerosos, combinam-se com as botas, também abundantemente bordadas. As lendárias Rotas da Seda trouxeram um fluxo interminável de riqueza e mercadores compartilhando conhecimento e lendas. Samarkand e Bukhara eram então centros prósperos de produção artesanal.

A exposição centra-se no artesanato histórico dos artesãos do século XIX, onde a arte do bordado atingiu o seu auge durante o reinado do Emir de Bukhara, Muzaffar-Ed-Din (1860-1885). Ele tinha uma oficina particular de tecelagem e bordados instalada em seu palácio. O soberano decidia por si, sua família, sua corte e também seus soldados sobre os padrões e motivos para vestir. 

Uma arte do bordado que encontra a sua expressão simbólica na intimidade do ambiente familiar, através dos suzanis, tecidos bordados a seda, muitas vezes muito coloridos, que adornam interiores tanto sedentários como nómadas. Peças originalmente pensadas para os dotes das filhas da família, refletindo os gostos e a criatividade das bordadeiras, mas sobretudo os códigos estéticos específicos de cada região. Muitos vestidos e roupas turbantes, bonés para homens, tapetes, jóias pesadas, arreios de cavalo prateados com turquesas  estão em exposição. Além disso, algumas pinturas contemporâneas, retratos de emires ou cenas de interiores surpreendem pelo seu realismo.

Uma vontade de saber mais sobre este país distante? Dirija-se ao Museu do Louvre para uma viagem fabulosa ao coração da Ásia Central e descubra, através de 170 obras recém-restauradas, os esplendores dos oásis do Uzbequistão. Uma exposição que homenageia as culturas e artes das grandes civilizações orientais atravessando 16 séculos diferentes onde a arte se revelou em todas as suas formas. Estátuas, esculturas, jóias, afrescos, cerâmicas, obras de arte… 

As obras são numerosas e todas contam uma história. Das primeiras Rotas da Seda ao Renascimento, passando pela chegada do Islão à Ásia Central no século VI, o percurso da exposição faz-nos descobrir a longa evolução desta região de excepcional riqueza.

As trocas comerciais, as guerras, a propagação de culturas e religiões permitiram às diferentes civilizações que atravessaram os oásis do Uzbequistão diversificar-se e enriquecer-se culturalmente. Povos e países influenciam-se reciprocamente ao longo destes percursos, e esta grande mistura revela-se nos inestimáveis tesouros expostos. Entre esses tesouros podemos citar, painéis de madeira queimada destruídos em 1220 e milagrosamente encontrados em 2018, uma estrela de cerâmica policromada, um manuscrito do Livro das Maravilhas de Marco Polo, joias de ouro, afrescos de parede com decoração de elefante, uma escultura de Buda… e muitos outros que não cansamos de admirar.

Samarkand, Maravilhas da Seda e do Ouro: Instituto do Mundo Árabe até 4 de junho de 2023.

Esplendores dos oásis do Uzbequistão: Museu do Louvre até 6 de março de 2023

Fotos: © Laziz Hamani ; Andrey Arakelyan ; Raphaël Chipault

Chantal Manoncourt

Parisiense, arqueóloga e jornalista, apaixonada pelo Brasil, já escreveu vários livros sobre turismo brasileiro.

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