Números foram apresentados quinta-feira (12), durante reunião no CCH
Agência UEL
A UEL vai sofrer uma redução de aproximadamente 25% no repasse de recursos destinados a bolsas de pesquisadores, em virtude do contingenciamento e dos cortes anunciados pelo Governo Federal desde fevereiro deste ano. Em números absolutos, a Universidade captava no início de 2019 cerca de R$ 27 milhões em bolsas direcionadas a 1.502 pesquisadores de várias áreas distribuídos em 50 Programas de Mestrado e Doutorado, além de bolsistas dos níveis de ensino médio (IC Júnior), graduação, pós-doutorado e docentes com bolsas de produtividade em pesquisa.
Com os cortes anunciados pela Coordenação de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo CNPq, a Universidade deverá fechar o ano com 626 pesquisadores com bolsas dos programas nacionais, um impacto de aproximadamente R$ 7 milhões na economia local. Os números foram apresentados quinta-feira (12), durante reunião realizada no Centro de Ciências Humanas (CCH). A Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da UEL apresentou um raio-X completo, apontando recursos captados pelas entidades de fomento nacionais, além da Fundação Araucária, ligada ao Governo do Paraná. Os 50 programas Strictu sensu reúnem 2.874 pesquisadores, dos quais 1.355 são bolsistas.
Somando todos os benefícios, a Universidade captava no início deste ano aproximadamente R$ 2,7 milhões/mês. Deste total, a grande financiadora é a Capes (com 937 bolsas), seguida pela Fundação Araucária (338) e CNPq (80). O Ministério da Educação divulgou que, em 2020, a Capes só terá metade do Orçamento de 2019, ou seja, foram reservados R$ 2,2 milhões frente aos R$ 4,25 bilhões previstos este ano. A Coordenação sofreu ainda R$ 300 milhões de recursos contingenciados em 2019.
Essa semana a Capes anunciou a reabertura de 3.182 vagas a serem preenchidas ainda em 2019. Outras 8.629 vagas em pós-graduações com notas 3 e 4 seguem travadas para novos alunos. Para essas, não há previsão de desbloqueio.
O reitor da UEL, Sérgio Carvalho, abriu a reunião conclamando os pesquisadores a se aproximarem da sociedade civil organizada para angariar apoio e defender a estrutura de ciência existente no país. De acordo com o reitor, nos últimos 30 anos foi construído em enorme capital humano nas Universidades e Institutos de Pesquisa. De acordo com o reitor, a única forma de garantir distribuição de renda e justiça social é a partir do aproveitamento desta mão de obra especializada.
“Não podemos ficar prisioneiros de uma taxa de crescimento medíocre. É necessário convencer a sociedade sobre a importância deste trabalho”, analisou o reitor. Segundo ele, para que o país alcance o desenvolvimento econômico desejável, seria necessário formar 10 mil doutores/ano, apontando para um salto de desenvolvimento a partir da ciência e da tecnologia. O reitor afirmou ainda que pretende levar os dados apresentados pela Proppg para a Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior Público (APIESP).
O pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da UEL, professor Amauri Alfieri, apresentou informações oficiais do Fórum Nacional de Pró-reitores de Pesquisa e Pós-graduação sobre a previsão do orçamento para 2020 para o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. A Lei Orçamentária Anual (LOA 2020) que deverá ser enviada para votação no Congresso Nacional neste segundo semestre prevê uma redução de 88% em relação ao orçamento desse ano.
Para o pró-reitor, a preocupação é quanto à manutenção e custeio dos Programas de Pesquisa que poderão sofrer com o custeio, ou seja, com recursos para fazer frente à compra de reagentes e materiais. “Não podemos apenas considerar as bolsas. É uma consequência nefasta para a pesquisa”, considerou ele.
A diretora de Pesquisa da Proppg, professora Sílvia Meleti, destacou que os cortes recentes do governo federal afetam sobremaneira os programas notas 3 e 4, que representam a grande maioria da UEL. Dos 50 programas Strictu sensu, apenas nove registram notas 5, 6 e 7. “O critério de corte de bolsas considerando a nota não implica dizer que este programa seja ruim, muito menos de que esse trabalho não beneficia a sociedade”, afirmou a diretora.
foto: Agência Uel