Por Edra Moraes
No último sábado, em grupo, discutimos a importância de se pensar a gestão pública pelo viés do meio ambiente. Ao pensarmos em sustentabilidade, estamos indo além da preservação dos nossos recursos naturais; estamos falando do nosso futuro e da raça humana. Gestores públicos devem incluir essa pauta em seus planejamentos e seus eleitores devem cobrar essa inclusão. Apoiar a sustentabilidade é garantir uma economia local dinâmica e criativa, que assegure o desenvolvimento e a geração de empregos sem prejudicar o meio ambiente.
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É necessário que gestores e comunidade estejam unidos para impulsionar as potencialidades do município e pensar a gestão a longo prazo. Diferente de planejar o município apenas para fins eleitorais, onde tudo é pensado para um ciclo de quatro anos, quando falamos em criatividade e sustentabilidade, estamos falando de um acordo entre a comunidade e os gestores para a construção a longo prazo.
Um chamado para a sustentabilidade urbana e a participação comunitária
Londrina se tornou uma cidade árida, com pouca arborização. Precisamos de um Programa de Arborização Urbana que envolva diferentes ações, desde a criação e manutenção de parques e corredores verdes até a gestão dos terrenos baldios, que atualmente estão abandonados. Os gestores precisam entender que esses espaços abandonados prejudicam não só a estética da cidade, mas também a segurança da população local. Esses terrenos podem ser aproveitados para promover a segurança alimentar por meio de hortas comunitárias e jardins urbanos, juntamente com cursos e workshops e suporte técnico para a educação dos moradores interessados.
Outro ponto importante em nossa cidade é a Mobilidade Urbana. Precisamos não apenas tornar nossa mobilidade sustentável, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa, mas também tornar o sistema mais acessível. Atualmente, nosso sistema de transporte é caro, ineficiente e desconfortável. Além da expansão da rede de ciclovias e do incentivo ao uso de bicicletas, é hora de considerar um sistema de gratuidade que incentive o uso do transporte coletivo. Unindo criatividade e mobiliário urbano, podemos criar pontos de ônibus com tetos verdes, que oferecem conforto térmico e embelezam a cidade.
Não é apenas o poder público responsável por essa mudança. É crucial criar incentivos para que a iniciativa privada participe deste movimento, promovendo edificações sustentáveis, tanto em novas construções quanto em reformas. Um problema visível em Londrina é a falsa sensação de segurança que leva as famílias a cercarem suas casas com muros altos, criando ilhas de calor. Esses muros, sem espaço para ventilação, e quintais cimentados, sem árvores, agravam o problema. Precisamos educar e orientar a população, oferecendo incentivos fiscais para moradores que optarem por alternativas verdes e sustentáveis, como cercas vivas, cobogós e jardins.

Desafios e soluções para a gestão de resíduos e sustentabilidade ambiental
A gestão de resíduos é um tema sensível em Londrina. Nossa coleta seletiva, que já foi exemplar, agora enfrenta problemas. Os coletores relatam dificuldades com a venda dos materiais, atrasos no recolhimento e problemas contratuais nas cooperativas. Reciclagem e compostagem são essenciais para a sustentabilidade ambiental. É necessário investir em tecnologias de tratamento de resíduos. Sugerimos, a exemplo de outras cidades, a utilização de materiais recicláveis na fabricação de diversos produtos, criando parcerias entre coletores, designers (universidade) e populações vulneráveis, resultando em produtos de valor agregado e novas fontes de renda.
Diante das mudanças climáticas e eventos climáticos extremos, percebemos a necessidade de um Plano de Resiliência Climática. Precisamos preparar a cidade para enfrentar esses eventos, mapeando áreas de risco de enchentes e deslizamentos e implementando sistemas de alerta e drenagem urbana. Ressaltamos a importância de retomar o programa “O Rio da Minha Rua”, desenvolvido em 2007 em parceria com o ambientalista João Batista Moreira Souza, o João das Águas.
Um modelo de inovação sustentável e eficiência energética para o futuro
Londrina sempre foi inovadora e um modelo para o país. Ser uma cidade progressista, preocupada com o meio ambiente e a sustentabilidade é sua essência. Além disso, a eficiência energética e o uso de energias renováveis podem ser grandes aliados na redução da pegada de carbono da cidade. Aqui, destacamos novamente a criação de incentivos e “certificação de sustentabilidade” que é parte da função da gestão pública na construção de uma comunidade comprometida com o seu desenvolvimento sustentável.
Com a união de esforços e um planejamento estratégico a longo prazo, Londrina pode não apenas enfrentar os desafios ambientais atuais, mas também se tornar um exemplo de cidade progressista e sustentável, comprometida com a qualidade de vida e o futuro das próximas gerações.
Concluindo, a gestão pública deve priorizar uma abordagem sustentável e criativa para garantir o desenvolvimento contínuo de Londrina. A integração de políticas que promovam a sustentabilidade e a economia verde é essencial para transformar a cidade em um modelo de inovação e respeito ao meio ambiente. Investir em infraestrutura verde, educação ambiental, mobilidade urbana sustentável e gestão eficiente de resíduos são passos fundamentais para alcançar esses objetivos.
Foto principal: Pixabay
Edra Moraes

Profissional de marketing, produtora cultural e escritora. Agitadora cultural e idealizadora do Movimento Londrina Criativa. Prêmios: Obras Literárias Digitais 2020, “Antologia Poética | Seleção da Autora, Memorial Vivência, Literatura, Livro e Leitura Unespar, Cultura nas Redes 2020 e FCC Digital 2020. Me siga nas redes sociais: Facebook, Instagram @edra_moraes, YouTube @edra-moraes27. Contatos: e-mail edra.moraes27@gmail.com e fone/whatsapp: (41) 997722447.
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Respostas de 2
Parabéns, Edra.
Excelente texto, refletindo a realidade geral das nossas cidades e das gestões publicas.
Mas creio que o envolvimento das empresas e pessoas (quanto mais melhor) é que pautará as ações, já que os mandatos são curtos e com foco no aqui/agora (reeleição).