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E Frida se torna objeto de consumo….

Por Ângela Diana

Mais uma vez, uma conversa sobre arte vira coluna! Conversando com uma amiga sobre Frida Kahlo, estávamos comentando que deve estar “P” da cara com o que fizeram com ela! Afinal, Frida não curtia o capitalismo… Imagina se ela soubesse que hoje era “seria” camisetas, canecas, cadernos, agendas, pratos, vestidos….E o que é “pior”, a própria imagem dela! Não as imagens das obras, mas a imagem da artista: suas fotos, looks, poses… Frida iria fazer, com certeza, como Jesus fez com os vendilhões do templo: iria chicotear e quebrar tudooo! 

Mas, era “destino”. Afinal, sua obra forte veio de sua visão de mundo e de seu microcosmos, sua dor. Sua história é também a história de muita gente… Ela fez muitos autorretratos, mas falava de todos que, como a artista, também sofriam tanto física como emocionalmente. Sua figura extremamente colorida e com orgulho, mexicana de raiz, iria se tornar ícone!

E isso me faz lembrar Andy Warhol… Olha que estranho, apesar de sua figura forte, também é diferente.

Frida em camiseta customizada por mim – Foto: Acervo pessoal

Quando falamos de Warhol, vem à mente a frase “um dia todos terão 15 minutos de fama”. A obra da lata de Sopa Campbell, o quadro de Marilyn Monroe e do Elvis! E todo os conceitos por trás disso, que eram coisas corriqueiras, comuns como uma lata de sopa, dependendo do lugar que estivesse, seria uma grande obra de arte e que pessoas seriam também “objetos de consumo”…. E Elvis e Marilyn não foram?

Outra versão de Frida em camiseta customizada por mim – Foto: Acervo pessoal

Quantas pessoas são assim, entre artistas , atores, pintores e pintoras, gente do mundo da moda, ainda mais agora com as mídias sociais se tornaram “consumíveis”! A tal ponto que esquecemos são pessoas comuns, como qualquer um de nós! Tornam-se deuses e deusas, adorados e idolatrados(as). É ou não é assim? E, da mesma forma que os elevamos, quando eles ou elas se mostram humanos e não objetos, “apedrejamos” e os tiramos do mesmo pedestal que nós mesmos os colocamos!

Andy Warhol veio do mundo da publicidade e era extremamente perspicaz para entender e visualizar o que seria décadas lá na frente! Fama fácil, seres humanos seriam objetos, consumiríamos muito! E de tudo! E a indústria seria a grande “mãe” a produzir ícones e obras de arte em massa! E mais uma coisa! A publicidade seria o grande pai da coisa toda! A mídia estaria aberta a todos e todas, e cada um seria seu próprio ídolo! Viramos quase “narcisistas”, ou seja, tiramos fotos do que comemos, vestimos, do nosso look, da nossas coisas mais íntimas…

Tão Frida! Que se colocava nas obras, porque ficava meses de cama, por causa do acidente, que falando de si, falava de todos….Temos muito de Frida e muito de Andy dentro do nosso inconsciente coletivo, pena que só poucos tem a profundidade, perspicácia , emoção, visão artística e racional também como eles tinham! Um era mais razão, outro mais emoção. Andy previu o que Frida seria: ela também um grande objeto de consumo.

Se eu tenho alguma coisa contra? Depende!

Quando conheci alguns (poucos) museus em Nova Iorque, descobri fascinada que todos tem um mini shopping e lá vendem canecas, camisetas, bottons….o que vocês pensarem, inspirados nas obras e nos artistas. Tudo isso ajuda a manter os museus funcionando e também, para nós, pobres mortais que não podem comprar um Warhol ou Frida, pelo menos saimos de lá com uma camiseta e uma caneca, ou um botton, ou uma reprodução da sua obra e artista favorito ou favorita. Acho válido! Nessa encarnação, eu jamais poderei ter um Klimt, uma Frida, um Van Gogh… Mas tenho prato, agenda, canecas e amo!

Mas que estamos vivendo numa fase em que não enxergamos e nem tratamos pessoas como GENTE, ah! Isso é verdade! Por esse lado me preocupo e acho impressionante como tem surgido psicopatas, sociopatas e narcisistas por aí! Aquele tipo de gente predadora que lida com os outros para obter apenas o que eles ou elas querem. E isso, já não tem a ver com arte.

A arte existe para que as pessoas se conheçam e tenham evolução, para mostrar caminhos diferentes ou ate serem como “profetas e profetisas”…O que é a selfie senão um autorretrato? Alias, sobre isso e a popularidade da selfie é muito simples! Para se ter um retrato ou SE ver era necessário um espelho, coisas que nem todos tinham e muito dinheiro para pagar um artista ou fazer uma fotografia… Hoje, podemos “nos” ver! Em vários ângulos…Pena que muitos se “vêem” mas não se “enxergam”.

Boa semaaaaana, pessoal! E que Frida me perdoe! Mas a capa da minha agenda é ela! 

PS: SIM, eu coleciono canecas😁!”

Ângela Diana

Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos

Foto: Reprodução da internet

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