Todo mundo sabe a importância de um bom professor. Eles são capazes de mudar o rumo de muitas vidas, pois além de conhecimento, também servem como exemplos. Graças à Nossa Senhora do Bom Ensino, tive alguns que fizeram a diferença na minha formação. Inclusive me incentivando na escrita e me ajudando a definir uma profissão.
Talvez se não fosse por alguns professores que tive a sorte de ser aluna, não estaria aqui, hoje, escrevendo. Já contei um pouco sobre isso aqui mesmo, neste espaço. Me incentivaram e alimentaram com livros e informações. Enfim, ajudaram na minha construção como pessoa e profissional.
Entre os mestres fundamentais, está a minha primeira e inesquecível professora, dona Tereza, responsável pela minha alfabetização. Cheguei ao primário tarde, aos oito anos, devido à data do meu aniversário. Bem naquele ano mudou a idade mínima de seis para sete anos para ingressar no primário. E fiquei para trás. Então, sempre fui a mais velha da classe. Estudei com a mesma turma até a idade adulta, com alguns deles, inclusive, no curso pré-vestibular.
Ainda no segundo grau, tive outra professora importante, a Rita. Português e redação. Foi com ela que descobri que gostava de escrever. E minhas redações sempre eram lidas em voz alta para a turma. Não existe nada que estimule mais um autor do que uma plateia. Também me ensinou a ler, escrever e gostar de poesia. A Rita foi essencial na minha formação. Foi uma das primeiras pessoas a morrer em consequência da Aids. Professores deveriam ser eternos. Eu já falei nela na crônica sobre Ovnis.
Fui para o curso pré-vestibular disposta a fazer letras ou jornalismo. No cursinho, também me deparei com um professor de português que me estimulou muito. Em um curso que reunia cerca de 200 alunos, lá estava minha redação sendo lida no microfone como um bom exemplo. Isso só fundamentou a minha escolha. Sem duvida queria trabalhar com a escrita. Minha e a dos outros. Passei em Letras na USP de Araraquara e Comunicação na UEL. Escolhi a última. Um jeito de sair de casa, já que em Letras eu permaneceria em minha cidade.
Na universidade, ouso dizer que todos foram essenciais. Desde a metodologia de ensino, até o conteúdo das disciplinas. Dei muita sorte em meu curso universitário. Boa parte dos meus mestres estava voltando de mestrados e doutorados fora do país. Chegaram cheios de conteúdo e um jeito diferente de ensinar. Pelo menos para mim.
Cheguei na UEL em 1982. Vim de um ensino vivido em plena Ditadura Militar. Com foto de General em sala de aula, hasteamento de bandeira e hino nacional. E, sim, desfiles no 7 de setembro, os meus preferidos. Fui destaque no carro da Agricultura, baliza na frente da banda marcial, representei o estado do Ceará, entre outras peripécias. Mas em sala de aula, era pura disciplina. A dona Ana, responsável por manter a ordem, era mais rigorosa do que o marechal da parede.
Então, ao chegar ao ensino universitário, meu conceito de aula era bem careta. E os professores, recém chegados do exterior e em um período pós ditadura, cantaram e sambaram em cima do convencional. Tive aulas em salas de teatro, gramado, na rua. E foram as que mais me passaram conteúdo.
Já mãe e bem mais adulta, fui para São Paulo e inventei de fazer uma pós-graduação em Marketing. E qual não foi minha surpresa encontrar um professor da faculdade. Recém chegado de um pós-doutorado no Japão. E mais uma vez fez a diferença na minha formação.
Tivemos aulas em cafés, museus e na principal avenida da cidade, a Paulista. As aulas eram semanais e a turma contava os dias para chegar. Dos professores que tive na UEL, embora não tenha convivência, tenho notícias hoje pelas redes sociais. Continuam sensacionais. Da minha turma de Comunicação, inclusive, alguns se tornaram mestres. Provavelmente influenciados pelos exemplos que tivemos o privilégio de ter em nossa formação nas salas de aula.
Raquel Santana

Já foi jornalista, acha que é fotógrafa, mas nesses tempos de Covid-19 ela só quer sombra e água fresca no aconchego do seu lar. Vendo seriados, óbvio!