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As festas dos loucos anos 80

Raquel Santana (*)

Os anos 80 foram muito loucos. Se nos anos 70 o máximo das festinhas que frequentava em minha cidade eram aquelas nas garagens das casas das amigas, nos loucos 80 a criatividade tomou conta das baladas nas repúblicas de Londrina.

Numa época em que as redes sociais ainda não existiam , não sei como ficávamos sabendo em qual endereço a próxima aconteceria. A notícia corria de boca em boca e a gente rodava a noite pulando de festa em festa. Nada como ser estudante universitário.

Foi nessa época que as festas digamos, diferenciadas, começaram a ganhar fama entre as repúblicas. Quanto mais exótica, melhor. Entre elas, lembro de duas em especial, que podem dar uma ideia de quão loucos foram aqueles anos.

Se as festas da nossa turma se resumiam a cervejas e caipirinhas degustadas ao som de um banquinho e um violão no quintal de uma casa típica de madeira londrinense, as das turmas de agronomia ou arquitetura, por exemplo,eram muito mais sofisticadas.

Não era necessário convite, era só chegar, entrar e se enturmar. Tenho um pequeno problema com bebidas. Se misturo as coisas então, simplesmente confundo tudo e todos . Vejo alguém parecido com algum conhecido e já chego beijando, subo degraus inexistentes e principalmente, viro a Miss Simpatia. E não preciso de muito, no segundo copo já fico louca. O lado bom é que dois copos não dão ressaca.

Nestas ocasiões costumava dizer: me tô louca. E claro que até hoje me zoam por isso. Foi depois dos dois copos que cheguei junto com um amigo numa festa em uma casa na JK. Para entrar na casa, o povo construiu um escorregador. Então, era necessário passar por um túnel, depois subir uma escada e então escorregar e literalmente cair na festa. Eu, com uma saia curtíssima, cheguei com ela de cachecol no final do escorregador. Mas como “me tava louca “, nem liguei.

Também foi nessa época que as festas à fantasia faziam o maior sucesso. Todo mês rolava pelo menos uma. Haja imaginação. Tínhamos um amigo que estudava arquitetura que adorava causar nas festas. Pois ele resolveu fazer uma em outubro. Não deu outra. Ao chegarmos, ele estava vestido de “Mulher Aranha”. A casa tinha teias de aranha por todos os lados. A luz negra imperava no local. Foi uma das festas mais descoladas que fui na época. O amigo, de temperamento difícil, sabia fazer uma decoração.

Anos depois encontrei esse mesmo amigo em Curitiba. Estava debilitado em consequência do vírus HIV. Era um homem lindo e bastante orgulhoso. Só tinha perdido a beleza. Alguns viveram os anos 80 mais intensamente do que outros.

(*) Jornalista radicada em Curitiba mas apaixonada por Londrina.

foto: Pixabay

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