Vivo um casamento de fachada, mas não tenho coragem de me separar

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Por Telma Elorza

“Tenho 37 anos, estou casada há 12 e, nos últimos cinco anos, vivo apenas um casamento de fachada. Meu marido não me toca mais, tem casos com outras mulheres e quase não para em casa. Meus dois filhos quase não têm contato com ele. Só aparecemos juntos em festas de família e todo mundo acha que eu vivo um sonho. Eu não tenho um emprego por imposição dele no início do casamento. Ele não me agride, nunca deixou faltar nada em casa, vivo bem e com conforto. Mas estou infeliz porque não tenho um verdadeiro companheiro. Não tenho coragem de me separar porque não sei se vou conseguir manter o mesmo padrão de vida para meus filhos só com meu trabalho e sei que vou enfrentar pressão da família. O que faço?”

Olha, minha amiga, ninguém merece viver um casamento destes. Ele pode até não estar a agredindo, mas você está vivendo um casamento abusivo do mesmo jeito, na minha opinião. Se você sabe que ele tem casos com outras, se ele não a procura mais sexualmente e vive fora de casa, que nunca vê os filhos, tudo isso me parece um sofrimento psicológico dos grandes. A não ser que ele não se importe que você também tenha casos, o que imagino que não aconteça, não é mesmo?

Embora tenha um conforto financeiro, não vejo isso como grande vantagem. Tá, o dinheiro ajuda, mas, pelo visto, não está removendo sua tristeza, né? Eu, se fosse você, consultaria um advogado especializado em Direito de Família, para se informar direitinho, mas você e seus filhos terão direito pensão alimentícia se decidir largar desse cara. O Código Civil estabelece a obrigação de pagar a pensão (também chamada de obrigação alimentar ou alimentos) entre ex-casais quando comprovada a dependência econômica de uma parte em relação a outra. Nesse caso, além da pensão para os filhos, o ex deve pagar um valor para a mulher até que ela se reestabeleça no mercado de trabalho. Além disso, há também a divisão obrigatória de bens. Mesmo que você não tenha trabalhado nestes 12 anos, tem direito a metade de tudo que construíram durante o casamento, independente do regime de comunhão de bens.

Quanto a pressão da família, eu simplesmente ignoraria. Porque não são eles que têm que viver nessa situação, né? Pare de pensar sobre “o que os outros vão pensar?” e comece a viver sua vida. Não fique num casamento por causa dos outros, nem dos filhos. O melhor para as crianças é ver os pais felizes, mesmo que separados. E se você não está feliz, isso pode fazer muito mais mal para eles que um divórcio.

Levanta a cabeça, mulher, e vá à luta.

Se tiver dúvidas sobre relacionamentos, me mande um e-mail no telma@olondrinense.com.br

Quem é a Tia Telma

Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.

Arte: Mirella Fontana

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