Será que tenho TDAH?

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Por Telma Elorza

“Sou muito distraída, impulsiva, faço as coisas sem pensar nas consequências. Às vezes, não consigo me concentrar em tarefas simples, que não exigem muito do cérebro. E meus relacionamentos sofrem com isso. Será que tenho TDAH? Parece que tá na moda”.

Bem vinda ao clube dos que suspeitam ter o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, o TDAH. Eu também suspeito que as coisas que sempre fiz na minha vida (aquelas merdas, mesmo) poderiam ser explicadas pelo transtorno neurológico genético.

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Mas você está errada. O TDAH não é uma questão de moda. Apenas acontece que as pessoas estão recebendo mais informações e se ligando que PODEM ter algum problema. E procurando diagnósticos. Mas não, nunca nas redes sociais, faça-me o favor. Para ter o diagnóstico correto só um laudo emitido por um neurologista. Não serve diagnóstico de psiquiatra, clínico geral, pediatras (a não ser os neuropediatras) ou qualquer outra especialidade. Por isso, é preciso muito cuidado. Está até acontecendo uma overdose de prescrição de ritalina para crianças que são apenas agitadas por natureza. Em novembro de 2023, a “epidemia” de TDAH foi até discutido por especialistas no Senado Federal.

O que a gente vê na internet, em vídeos do TikTok ou reels do Instagram só serve para alertar para um possível problema. Isso, porém, não deve servir para o autodiagnóstico em TDAH. Há muito mais coisas envolvidas que sintomas engraçados/constrangedores/absurdos como são divulgados nas redes para as pessoas rirem.

Diagnóstico de TDAH só com neurologista

O neuro vai analisar, pedir exames, examinar clinicamente, conversar e, só então, poderá atestar se a pessoa tem ou não TDAH. Se tiver, vai passar o remédio certo para o déficit de atenção.

Eu ainda não fui procurar um neuro porque, com quase 60 anos, já me acostumei com meu jeito e desenvolvi habilidades para que meu trabalho não seja prejudicado. Mas você, por ser jovem (imagino), deve sim procurar o especialista e sair de lá com a certeza do transtorno ou livre dele.

O problema com nós, mais velhos, é que nem sabíamos da possibilidade ser termos TDAH ou o Transtorno do Espectro Autista (TEA) até pouco tempo atrás. Tenho um amigo bem sucedido na carreira que, aos 40, foi diagnosticado como autista. Na nossa juventude, nós erámos apenas peculiares, nenhum médico achava que aquilo que fazíamos eram sintomas que deveriam ser investigados. Os transtornos começaram a ser divulgados a partir da década de 1990. Nesta época, eu já estava casada, com um filho de cinco anos e trabalhando. O boom da informação sobre os dois transtornos só veio bem depois.

Então, leitora, antes de começar a se definir como portadora de TDAH, procure um especialista.

Espero ter lhe ajudado.

Quem é a Tia Telma

A leitora suspeita que seu comportamento nos relacionamentos seja influenciado por TDAH, mas isso só poderá saber com certeza consultando um neurologista
Tia Telma versão Inteligência Artificial

Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.

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Arte: Mirella Fontana

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(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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