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Acho que eu nunca me apaixonei. Será que sou capaz de amar?

Por Telma Elorza

“Tenho 33 anos e acho que nunca me apaixonei de verdade, por ninguém. Tive namorados de quem eu gostava da companhia, do sexo e da amizade, mas não sentia aquele desespero de ficar junto, de sonhar com a pessoa e suspirar. Nunca sofri por um término de namoro ou por alguém. Será que sou capaz de amar?”

Ai, amiga, que pergunta mais difícil você trouxe. O amor e a paixão são coisas tão pessoais que é difícil responder com objetividade sobre isso. Principalmente porque há várias vertentes que vão da filosofia à psquiatria tentando defini-las. Mas vamos lá, tentar.

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O dicionário Oxford Languagens explica esse sentimento como um sustantivo masculino que tem duas definições:

  1. forte afeição por outra pessoa, nascida de laços de consanguinidade ou de relações sociais.
  2. atração baseada no desejo sexual.

Já algumas linhas psicologia definem o amor como um conjunto de emoções e comportamentos caracterizado pela intimidade, paixão e comprometimento, que envolve cuidado, proximidade, proteção, afeto e confiança. Exclui aqui a atração (que remete a atração sexual) porque há vários tipos de amor, inclusive entre família, amigos e com animais de estimação.

Se você sente esse conjunto de emoções com alguém ou com um bicho, é sim capaz de amar (se não, sente, continue lendo). E se nunca sentiu por algum homem, é porque nenhum realmente despertou essa emoção. E isso pode ser, sim, muito normal.

E eu explico isso sob a ótica comportamental.

Nunca me apaixonei

Nós, mulheres, ainda somos criadas para pensar que amor e casamento é um objetivo de vida. Somos condicionadas a acreditar, desde crianças com os contos de fadas, que precisamos amar um homem (sempre eles, amor lésbico é reprimido), casarmos, termos filhos, para sermos completas. Passamos a vida em busca da cara-metade (outro mito que incutiram na nossa cabeça). Algumas até ficam desesperadas porque não encontram o amor da vida delas (mais um mito) e se jogam de cabeça em relações que deveriam ser apenas superficiais, se anulando em nome do amor.

Somos levadas a pensar que nunca seremos felizes se não estivermos com apaixonadas por alguém, com quem divideremos a vida para sempre, num final feliz. The End.

E por que? Porque vivemos numa sociedade patriarcal, onde a mulher ainda é vista como mero objeto, propriedade do homem e que tem, como dois únicos objetivos de vida agradar seu homem e procriar. Isso está mudando, claro (ó glória!), mas a supervalorização do amor romântico continua. Ainda não querem ver mulheres totalmente livres, que se entregam a quem quiserem, sem necessariamente estarem apaixonadas.

Porém, mulheres que pensam, que se conhecem, que buscam algo mais da vida, que tem objetivos maiores que apenas ser a cara-metade de alguém, são muito mais seletivas a quem entregam o coração. E eu acho que esse é seu caso.

Nesse caso, o que você precisa questionar não é se você é capaz de amar, mas se enxerga esse sentimento com outros olhos. E daí que não se apaixona pelos seus namorados? Isso mostra que tem bom senso, porque nunca encontrou um que realmente mexeu com seus sentimentos, aquele que vale a pena. Seu coração é sábio, menina. Calma que, um dia, pode aparecer alguém que mude isso.

Mas e se não aparecer?

Continue vivendo a vida, namorando, tendo relações sexuais, e seja feliz assim mesmo. Sua felicidade não deve estar na mão de ninguém. Ponto.

Se, no entanto, você respondeu que não sente uma ligação especial com ninguém, nem família, amigos, gatos, cachorros, aí é outra história. Também tenha algum transtorno psicológico, que precisaria ser investigado por um profissional e que precisa de uma investigação mais aprofundada. Pode ser “sintoma” que pode ter várias causas. Meu conselho: procure um psicólogo(a), em uma escuta segura, qualificada e sem julgamentos.

Enfim, é isso o que eu posso falar para lhe ajudar. Espero que tenha realmente ajudado.

Se tiver dúvidas sobre relacionamentos, me mande um e-mail no telma@olondrinense.com.br

Quem é a Tia Telma

Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.

Arte: Mirella Fontana

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(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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