Por Telma Elorza
“Sou uma profissional competente e experiente. Amo o que faço, mas nunca sou valorizada na empresa que trabalho e isso me deixa insatisfeita. Perco promoções para homens com qualificações inferiores. Não quero mudar de emprego e começar tudo novo, sabendo que pode acontecer a mesma coisa em uma nova empresa. Será que tem como mudar esta situação dentro da empresa? Me dá um conselho, por favor”.
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Bom, amiga, quando a gente está insatisfeita num lugar, o correto é fazer algo para mudar isso ou se retirar dele. Portanto, você tem duas opções.
Vamos começar a conversar pela alternativa de mudança interna. Você já questionou quem está barrando suas promoções? É seu chefe imediato ou o dono/diretoria da empresa? Se for o chefe imediato, talvez seja mais fácil resolver. Que tal uma conversa no RH da empresa? Ou até uma reclamação formal? Com isso, talvez você faça os gestores saber que está sendo praticada misoginia (discriminação, preconceito, propagação do ódio ou aversão praticados contra mulheres apenas por serem do sexo feminino) no ambiente de trabalho e, portanto, algo mude. Afinal, não pega bem para nenhuma empresa tem pessoas misóginas em cargos de poder.
Se, no entanto, as determinações de promoções estão saindo da diretoria, que é, afinal, quem tem o verdadeiro poder, talvez seja um caso de fazer uma denúncia ao Ministério Público do Trabalho e mover uma ação trabalhista e outra civel contra a empresa. A misoginia no local de trabalho ainda não é tipificada como crime, mas gera indenizações por danos morais. Mas, se tudo correr bem, isso logo vai mudar. Um projeto de lei (PL 890/23) está sendo discutido no Congresso e prevê a punição por crimes resultantes de discriminação ou preconceito por práticas misóginas.
Procure onde seja valorizada
Agora, se não quiser “ter dor de cabeça”, movendo ação contra empresa (o que seria o certo e justo, para mudar políticas machistas no ambiente do trabalho), o conselho que posso lhe dar é: perca o medo de mudar. Se a cultura organizacional da empresa é misógina a este ponto, preferindo escolher homens menos qualificados para promoções, você deveria procurar novos ares.
Com sua experiência e qualificações, pode achar uma empresa mais antenada com as tendências de valorização da mulher no mercado do trabalho. É só pesquisar bem sobre as possíveis novas empresas e questionar as políticas de promoções e crescimento de carreira, nas entrevistas. A maioria das empresas vem mudando esta mentalidade machista, mas, claro, ainda existem. Por isso, a pesquisa é necessária.
Mudanças – embora pareçam assustadoras – podem dar novos ânimos na carreira. Principalmente porque você não vai começar do zero. Você já tem a experiência e as qualificações que boa parte das empresas procuram. Então, não vai estar novamente no ponto inicial da sua carreira e, sim, em postos mais avançados. Já pensou que bom seria trabalhar numa empresa sabendo que você está sendo valorizada? Garanto que vai ter mais “gás” para conquistar novos degraus rapidinho.
Espero ter ajudado.
Tem dúvidas sobre relacionamentos? Mande um e-mail para telma@olondrinense.com.br
Quem é a Tia Telma
Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.
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Arte: Mirella Fontana
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