Não aceito meu corpo e sofro com isso

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Por Telma Elorza

“Tenho 20 anos. Sou gorda. Isso resume toda minha condição. Não aceito meu corpo, já tentei academia, dietas malucas e até remédios que me fazem muito mal. Mas não consigo emagrecer. Não consigo me aceitar, me acho feia e estou sempre infeliz. Estou na fila da bariátrica pelo SUS e coloco toda minha esperança nela. Mas tenho medo de que, depois, nada mude. Me ajuda, preciso ler uma palavra de esperança.”

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Querida leitora:

Eu lhe entendo perfeitamente. A durante quase toda minha vida sofri por ser gorda. A pressão e rejeição começaram na minha adolescência. Enquanto todas minhas amigas eram magras, todas as modelos e artistas que eu via nas revistas eram magras e o mundo inteiro cobrava um corpo magro, eu era a gorda que se destacava, a que recebia chatocas dos meninos. Aos 15 anos, começei minha via sacra para emagrecer. Fiz loucuras, inclusive com os tais remédios. Quase acabei com minha saúde.

Felizmente, depois dos 40, comecei me aceitar e me amar gorda. Vi que eu não tinha que “obedecer” as regras da sociedade e que meu corpo gordo podia ser, sim, belo e sexy. GOSTOSA! Tanto que, quando comecei com um quadro de diabetes que me fez emagrecer 27 quilos, não me reconheci magra. Foi um choque. Cadê aquele corpo gordo que aprendi amar? Sumiu. Agora recuperei sete quilos e tô começando a ser feliz de novo.

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A questão é: você não precisa esperar até fazer a bariátrica ou ter 40 anos para se amar. Nós somos bonitas do jeito que somos. Embora o mundo force a barra pela magreza, o mercado da moda tente impor os padrões magros, é preciso se olhar com novas perspectivas. Minha técnica para isso foi a mais simples possível: resolvi parar de me esconder e assumir minhas gordurinhas, dobras e barriga, fugindo de roupas escuras, sem forma, sem leggings e camisetonas.

Comecei a me vestir do jeito que eu sempre quis (sem tentar esconder minhas imperfeições), com vestidos e roupas coloridas (hoje praticamente aboli o preto e as roupas sem formas definidas do meu guarda-roupa), comecei a me arrumar, cuidar da pele, me maquiar, fazer cabelo e unhas mais frequentemente, comecei a gostar do que via no espelho. Aquela era a Telma, com vestido estampado de laranja. E ela estava bonita.

A partir do primeiro vestido chamativo que comprei (em lojas plus size que hoje têm muitas roupas bonitas e jovens, não é mais necessário se vestir como velhas ou gestantes), montei um guarda-roupa mais alegre e divertido. Pode parecer bobo, mas foi saber que tinha roupas bonitas feitas para meu corpo, que eu me senti mais confiante. E, com isso, mais bonita. Daí a ser sexy é um pulo. Arrumei muito mais namorados depois que comecei a me amar do que quando estava magra.

Então recomendo que você dê esse primeiro passo, ainda antes da bariátrica. Porque é preciso começar o processo de se gostar. Cirurgia nenhuma garante a autoestima no pós-operatório. Sugiro que compre um vestido lindo, bem colorido, se arrume, cuide de pele, faça maquiagem, cabelo. Mesmo que no começo você se sinta meio desconfortável – já que está fora da área de conforto do legging e camisetona -, você vai ver como sua autoestima melhora. E se arrumar, se valorizar, vai fazer você se gostar um pouco mais a cada dia.

Dúvidas sobre relacionamentos? Mande um e-mail no telma@olondrinense.com.br

Quem é a Tia Telma

Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.

Arte: Mirella Fontana

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