Por Telma Elorza
“Eu tenho uma personalidade retraída, não sei argumentar, ou melhor, meus argumentos são válidos, porém não geram o impacto desejado. Eu pensava que esse comportamento não iria para o casamento e, infelizmente, o comportamento me acompanha. Como faço para mudar isso? Obrigado.”
O leitor me pede ajuda para resolver um problema que assola boa parcela da população: as das pessoas tímidas e retraídas que sempre “perdem’ uma discussão por não saber ser mais autoconfiante e que preferem “deixar para lá” a discussão (e o assunto) para manter a paz, talvez até por medo da rejeição. Nada contra manter a paz. O problema aqui é que o leitor não está sabendo conversar “mesmo”, expor seus sentimentos e aquilo que o incomoda. O resultado, nesses casos, é sempre frustração, ansiedade e infelicidade. Seja na vida social, profissional ou no casamento.
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Como sempre aponto aqui, nas minhas colunas, não sou psicóloga. Sou apenas uma xereta que gosta de pitaco na vida dos outros (quando me pedem ajuda, como é o caso). Porém, tenho uma grande experiência de vida e já passei praticamente tudo o que pode acontecer num relacionamento a dois. Então, aqui, meus conselhos são nessa linha de vivência, que fique bem claro.
Embora não pareça, eu fui uma pessoa retraída e tímida. Então, sei bem o que é ter uma base de argumentação bem fundamentada, mas não conseguir expressá-la adequadamente. Na frustração e no receio da conversa virar uma discussão acalorada, eu me recolhia e “deixava para lá”. Até o momento que a frustração acumulada explodia e eu ou ficava doente ou simplesmente cortava aquela pessoa do meu convívio, para evitar sofrer mais.
A minha sorte foi que eu sempre sonhei ser jornalista e alguém, talvez minha mãe, não lembro, me perguntou: “como você vai ser jornalista se não consegue falar com as pessoas”? A partir daí, começei a me obrigar a ser mais extrovertida. E isso incluiu também a começar expressar melhor o que estava sentindo. Dizer não, quando eu precisava dizer não. E firmar posição. Isso até causou um certo choque nas pessoas que estavam acostumadas a me ver querer conciliando e me recolhendo, para “manter a paz”.
Foi fácil? Não. Até hoje, eu ainda tenho certa dificuldade em me expressar falando. Quando acho que a pessoa com quem dialogo não está me entendendo, não vê aonde quero chegar, peço um tempo e escrevo uma longa carta, onde ordeno meus pensamentos de forma mais fácil. Claro, sendo jornalista, isso me ajuda bastante.
Mas acho que é uma técnica que todos os tímidos e introvertidos deveriam tentar. Fica aí uma sugestão.
No entanto, se o leitor também tem dificuldades em passar para o papel o que está pensando, sugiro que comece a insistir em conversar sobre o assunto que o machuca. Acredito firmemente que a conversa honesta e sincera resolve 99% dos problemas (sejam eles quais forem).
Argumentos sólidos

Sem medo, sem ansiedade, chame sua parceira para uma conversa direta. Escolha um momento em que ambos possam dar toda atenção à conversa. E tente expor, da forma mais clara possível, o que está sentindo, o que o incomoda e o porque disso. Porcure argumentos sólidos e deixe claro que você está sofrendo, que quer resolver a situação. Evite agressividade, acusações e, de forma mais clara possível, exponha tudo.
E ouça também. Não fuja (nossa primeira reação, eu sei) se ela contra atacar, expondo as dificuldades dela. Se você está sofrendo, ela também pode estar. Ouça com atenção para ver quais os pontos de atrito vocês precisam trabalhar. O importante aqui é que, se estão juntos, existe um sentimento entre vocês e não podem perder isso. Os dois precisam entender que é preciso aparar as arestas para que a relação continue e evolua. Se não, acaba.
Lógico que, para isso, o leitor tem que vencer, pelo menos em parte, seu retraimento. Como uma opção mais drástica (se nada do que disse acima for suficiente) sugiro que procure um curso de oratória. Parece bobagem, mas esses cursos ajudam muito os tímidos a se expressarem com naturalidade e segurança. Até sugiro meu amigo e colega de profissão, Edson Ferreira (@edsonferreira.voz) para o curso. Não, não estou ganhando nada com isso. É só que acho que isso vai lhe ajudar muito, inclusive profissionalmente.
Pensa nisso tudo.
Espero ter ajudado.
Quem é a Tia Telma
Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.
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Arte: Mirella Fontana
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