Por Telma Elorza
“Tenho 16 anos e namoro há cinco meses. O começo foi ótimo, mas há um mês meu namorado foi trabalhar em outra cidade um pouco longe, e tudo mudou. Ele me proíbe de sair com minhas amigas, de ir em festas e diz que, por estarmos longe, eu tenho que ficar em casa. Ele me faz chamadas de vídeo a qualquer hora para ver se estou no colégio ou em casa. Fui no aniversário de uma amiga sem falar com ele e deu a maior confusão. Eu o amo, mas quero me divertir também. Como faço para convencê-lo que não tem nada de errado eu sair?”
Amiga, não aceite isso, nunca. Fuja desse cara. Termine e logo.
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Por mais que você o ame (e, creia, na sua idade, todo amor parece para sempre e não é), você não pode deixar ele controlar sua vida. A vida é sua, você precisa assumir as rédeas dela.
O começo é ele proibindo sua diversão, com a desculpa do ciúme. O final é ele tentando lhe matar porque você o contrariou. É assim que começa um relacionamento abusivo, tóxico, a alguns passos do feminicídio.
Você não vai conseguir convencê-lo que uma saída com as amigas, uma festa de aniversário ou qualquer outra coisa é diversão inocente. Porque ele não quer ver isso: você vivendo sua vida sem ele. Na cabeça dele, se não está por perto, então você tem sofrer essa ausência. Não é ciúmes, é acreditar que ele deve ser o centro do seu universo.
A desculpa do amor – “ah, se você me ama, vai fazer tal coisa” – é a maneira mais fácil de controlar as mulheres. Nós, românticas que somos, acreditamos que ele faz essas coisas por amor. Mas não é. É puro controle e poder sobre a gente.
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O homem abusivo é controlador e vai, cada vez mais, restringindo sua liberdade de escolhas até um ponto que você se vê sem nada e sem ninguém ao seu lado.
Hoje é a diversão, amanhã é a roupa que você usa, com quem pode ou não falar. Depois de amanhã, ele estará proibindo seu convívio com sua família. Estará reduzindo seu mundo a apenas ele, para que você não tenha a quem recorrer quando começar as agressões.
O amor é algo bem diferente disso.
Então fuja rápido, antes que as coisas piorem.
Se tiver dúvidas sobre relacionamentos, me mande um e-mail no telma@olondrinense.com.br
Quem é a Tia Telma
Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.
Arte: Mirella Fontana