Por Telma Elorza
“Descobri recentemente que meu grupo de amigas de infância tem um subgrupo no whatsapp só para falar mal de mim. Só fiquei sabendo porque uma delas printou uma conversa e me mandou por engano. Tentou apagar, mas eu já tinha visto. O que faço? Me sinto tão sozinha e não sei em quem confiar. Ps- tenho 16 anos”.
Ah, a adolescência. Tantos dramas, invejas e emoções à flor da pele. É uma fase complicada, cheia de hormônios em ebulição, mas maravilhosa porque é também cheia de descobertas. Inclusive das traições, do sentimento de abandono, injustiça, enfim. Tantos conflitos!
Nessa fase, tudo – mas tudo mesmo- assume proporções enormes. E uma traição dessas, de um grupo formado por pessoas em que se confia, pode parecer o fim de tudo. O sentimento de desespero dessa menina é real e é preciso apoia-la. Espero que a leitora tenha bom senso de procurar a ajuda dos pais, desabafar com eles e não sublimar todo esses sentimentos que está sentindo. Porque isso faz muito mal. Em épocas em que o suicídio de adolescentes é uma questão de saúde pública, é preciso prevenir.
Meu conselho é: corte relações com as integrantes desse subgrupo. Mantenha amizade apenas com quem não participou. Amigas desse jeito nunca foram amigas. E por que digo isso? Porque essas meninas devem ter inveja da leitora. Não pelo que ela tem, em termos materiais, mas pelo que ela é. Provavelmente a leitora se destaca no grupo. Por qualquer motivo, seja a beleza, a alegria ou o modo de ser e viver. Em vez de sentir ferida, a leitora deve lembrar do velho e sábio ditado: “ninguém taca pedra em árvore que não dá fruto”. E sair fortalecida disso tudo.
Agora uma coisa para alertar nossa leitora: a vida é cheia de traições. De falsos amigos, de namorados, de maridos e, às vezes, até da própria família. É preciso aprender a lidar com elas sem sentir vazia e infeliz. “Nossa, Telma, como você é amarga”, alguém pode questionar. Não, sou realista. No alto dos meus 58 anos, quase 59, já passei por todos esses tipos de traições e sobrevivi.
Aprendi a me proteger e hoje, para conquistar minha confiança, a pessoa precisa se esforçar. E continuo uma pessoa alegre, bem humorada, que atrai todo tipo de gente para meu círculo de amizades. E que eu recebo bem e feliz. Mas confiar, confiar mesmo, entregar minha vida de bandeja, são poucos os escolhidos. Melhor filosofia de vida, porque minha paz e segurança não tem preço.
Assim, sugiro que a leitora pense nisso tudo que falei, procure a ajuda dos pais e comece a ver sua vida de forma diferente, como uma pessoa especial que é e, por isso, não se abrir tanto para os outros. Vai ver como vai ser bem melhor.
Se tiver dúvidas sobre relacionamentos, me mande um e-mail no telma@olondrinense.com.br
Quem é a Tia Telma
Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.
Arte: Mirella Fontana