Por Telma Elorza
“Me sinto só, na maior parte do tempo, porém não consigo vencer a falta de vontade de me produzir e sair de casa. Sempre fui uma pessoa amigável e faço amigos em todos lugares por onde passo. Mas, depois da pandemia, não sinto mais vontade de sair para me divertir. Os amigos até desistiram de me convidar para eventos e festas. Será que estou doente ou é uma fase que vai passar?”
LEIA TAMBÉM
Olha, minha amiga, eu entendo muito seu caso. Sou exatamente como você, sociável, brincalhona, mas nos últimos tempos tenho preferido a paz e o sossego da minha casa. No meu caso, isso pode ser explicado pela idade (59) e também por uma certa exaustão do trabalho. Sempre que posso ficar sossegada em casa, prefiro essa opção à sair com meus amigos. Mas não recuso festas kkk.
Você não especificou sua idade, mas vamos supor que esteja na casa dos 30. A pandemia virou sua vida de pernas para o ar, assim como a da maioria das pessoas. Primeiro porque tivemos que encarar de frente a morte de milhões de pessoas no mundo e a sensação que ninguém estava livre de ter o mesmo destino. Segundo, porque a necessidade do distanciamento social mudou as formas de relacionamentos. O que era natural, como encontrar os amigos para um papo no bar, se tornou cada vez mais virtual com as redes sociais (aliás, uma tendência que foi identificada antes até da pandemia).
Isso significa que todo mundo foi muito afetado, não só em termos de saúde física, mas também de saúde mental. Ou seja, ela teve um impacto muito grande na nossa vida.
Me sinto só
Com a pandemia, as pessoas tiveram que limitar os contatos sociais, convivendo apenas com a família e se afastando de quem convivia apenas por obrigação. A casa tornou-se, além de moradia, o local do trabalho, da diversão, o centro de tudo. A gente (me incluo nisso) começou a ver o “ficar em casa” como uma alternativa de conforto, de aconchego e proteção. E para alguns, isso continua muito presente, mesmo com o vírus da covid sob controle por causa da vacinação em massa. É um dos chamados impactos duradouros da pandemia.
Nisso tudo, o que estou querendo dizer é que você pode ter sido afetada mais profundamente e esteja, agora, sofrendo com uma depressão pós pandemia, um quadro que, parece, se tornou muito comum no mundo. No entanto, seu “me sinto só” é uma mostra clara que você quer se ajudar.
Seja por causa da pandemia ou não, o melhor que você tem a fazer é buscar ajuda com um psiquiatra, porque, na sua idade, é preciso também ter seus momentos de lazer com amigos. Isso é extremamente necessário para “higienizar” nossa cabeça, ampliar nossos horizontes e viver melhor. E se não está conseguindo fazer esse item básico, algo está errado. Então, meu conselho é: cuide da sua saúde mental. Procure ajuda. Porque depressão é algo muito sério e precisa ser tratada adequadamente, ok?
Espero que tenha ajudado.
Se tiver dúvidas sobre relacionamentos, me mande um e-mail no telma@olondrinense.com.br
Quem é a Tia Telma
Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.
Arte: Mirella Fontana
Leia mais colunas do Consultório Sentimental da Tia Telma
(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.