Fim de ano e tenho vontade de sumir

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Por Telma Elorza

“Odeio o fim de ano. Não gosto das festas, do clima de comemoração, nem dessa coisa louca de ter que estar feliz, dar presentes, etc. Acho que não sou muito normal, mas tudo que gostaria é de dormir e só acordar quanto tudo acabasse. Mas minha família insiste que eu devo participar das comemorações e, geralmente, acabamos brigando porque tudo me irrita. Acho tudo uma falsidade. Devo buscar ajuda?”

Amiga, vou te contar um segredo: eu também não gosto desse clima de fim de ano. Principalmente, o Natal, que traz muita pressão para perdoar e esquecer. Desde que meu pai morreu, há mais de 10 anos, a alegria do momento se foi. Nossos natais são tristes e nada consegue deixá-lo melhor. Então, eu entendo parcialmente sua raiva com o momento. Parece que temos a OBRIGAÇÃO de sermos felizes, positivas e animadas, e isso cansa muito.

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Mas o detalhe é que sei a razão por qual eu não gosto do Natal, enquanto você tem uma raiva generalizada pelas festas todas e parece não saber o motivo disso.

Não estou afirmando que você tem algum problema por não gostar (ninguém deve ser obrigado a gostar de tudo), mas se as coisas acabam em briga por sua irritabilidade durante as festas, seria preciso saber o porque disso, para tentar trabalhar a questão.

Não sei sua idade, não sei se essa irritação acontece também em outros momentos de festas, nem como você é no dia a dia. Porém, quero lhe dizer duas coisas:

Primeiramente, você não está só neste sentimento. Segundo o dr. Draúzio Varella, é muito comum ter uma certa depressão de fim de ano porque essa época está ligada a fim de ciclos e expectativa de novos. As pessoas acabam fazendo um balanço mental das conquistas e perdas do ano que passou, das metas que foram ou não alcançadas, enfim, de tudo que aconteceu no ano. E isso traz uma carga de estresse emocional muito grande. Assim, ser obrigada a participar das comemorações como se tudo estivesse bem pode ser ainda mais angustiante. Não é à toa que tentativas de suicídio aumentam nesta época. Segundo o CVV (Centro de Valorização da Vida), historicamente, as ligações para o canal aumentam em cerca de 20% no mês de dezembro, especialmente na época do Natal e Réveillon.

A segunda coisa é que, depois de um ano muito exaustivo, a gente enfrenta um certo esgotamento mental. E isso também é muito comum. Segundo a pesquisa do Datafolha Saúde Mental dos Brasileiros 2022, metade dos brasileiros já viveu alguma situação de esgotamento mental, ou testemunhou alguém próximo que passou pela situação.

O Brasil tem dados alarmantes quando o assunto é instabilidade psíquica: o país ocupa o segundo lugar em casos diagnosticados da Síndrome de Burnout – esgotamento físico, emocional e mental causado pelo estresse crônico no trabalho -, de acordo com dados de um estudo da International Stress Management Association (Isma). Já a depressão, acomete mais de 11 milhões de brasileiros, segundo mapeamento da Organização Mundial de Saúde (OMS). O transtorno de ansiedade, atinge 26% da população brasileira, cerca de 18 milhões de pessoas, segundo a OMS.

Ou seja, você pode estar vivendo um ou outro, ou até uma mistura dos dois. E as festas de fim de ano podem atuar como gatilho.

Seria interessante você procurar ajuda profissional para ver se não há nenhum desses problemas envolvidos.

No entanto, não é com uma sessão de terapia que você vai resolver tudo até o Natal e Ano Novo.

Portanto, sugiro que diga não. Não vou, não quero, ninguém pode me obrigar. E passe as festas sozinhas, sem essa tensão extra, fazendo o que realmente gosta. Lendo, dormindo, assistindo séries e filmes, brincando com o gato ou cachorro, enfim, qualquer coisa que lhe traga prazer.

Se lhe faz mal, não deixe ninguém a convencer a mudar de ideia.

Aprender a dizer não pode ser libertador e levar boa parte do estresse embora.

Pense nisso.

Espero ter ajudado

Quem é a Tia Telma

Parece que temos obrigação de sermos felizes no fim de ano. Mas é muito comum vermos pessoas tristes com a época.
Tia Telma versão Inteligência Artificial

Telma Elorza é jornalista, divorciada e adora dar pitaco na vida dos outros. Mas sempre com autorização.

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