Art nouveau, as metamorfoses da joalheria

René Lalique, Plaque de Cou Sylphide, vers 1900 Collection Albion Art Institute Photo Tsuneharu Doi © Albion Art Institute

Por Chantal Manoncourt

A Escola de Artes da Joalheria de Paris apresenta uma exposição única que ilustra o lugar único ocupado pela joalheria na virada dos séculos XIX e XX, através de uma seleção de cerca de 100 peças de coleções particulares ou de museus.

A partir da década de 1880, a estética sofreu uma profunda mudança. Uma nova imaginação, enriquecida pela extraordinária difusão do conhecimento científico, invadiu todas as esferas da arte. No final do século, este movimento convergiu em França para a Art Nouveau, num espírito criativo que animou o trabalho das oficinas.

A joia participa plenamente do olhar maravilhado sobre todas as formas da natureza. Livre de qualquer finalidade prática, sujeito ao único constrangimento imposto pelo trabalho dos metais e das pedras, o precioso objeto presta-se admiravelmente a todo o tipo de experimentação, permitindo as mais variadas combinações e as mais evocativas fantasias. Artistas como René Lalique, Eugène Grasset ou Georges Fouquet brilham com seu talento e criatividade. O soberbo pendente Ninfa do mar, em ouro, esmalte, mosaicos de opala e diamantes é um exemplo sumptuoso, tal como o cintilante pente cigarras coberto de escamas, esmalte, ouro e pérolas.

 Do ponto de vista técnico, a grande característica é a sutil mistura entre pedras, metais e materiais de diversos valores, seguindo a convicção de que a beleza de uma joia vem de sua concepção artística e não do custo dos elementos que a compõem. Coloridas e cintilantes, dão forma a silhuetas femininas, flores, borboletas ou até arabescos. Alfinetes, pentes, pingentes ou colares emprestam as linhas flexíveis da vida, numa espantosa diversidade de temas muitas vezes ligados ao prisma de um sonho fantástico.

 A extraordinária ascensão da botânica encoraja os artistas a associar a planta à fluidez com formas curvas e entrelaçadas. Associados ao mundo vegetal, os répteis, insetos, batráquios são o símbolo de uma proliferação aparentemente desordenada e por vezes monstruosa. O interesse pelas manifestações da vida, do movimento e da evolução renova a perceção do antigo tema das metamorfoses. René́ Lalique é seu intérprete mais livre: uma mulher nasce de um caule e abre suas asas de libélula, criaturas desabrocham em flores. Assim, a natureza não é mais o oposto do ornamento abstrato, é sua fonte.

A exposição Art Nouveau, Metamorfoses da Joalheria  1880-1914 é apresentada na Escola de Joalheria, 31 rua Danielle Casanova 75001 Paris, até 30 de setembro de 2023

© Fotos: Albion Art Institute, ADAGP Paris 2023 ; The Richard H. Driehaus Collection ; Studio Y Langlois ; Rosella Froissart ; Les Arts Décoratifs ; Karine Faby

Chantal Manoncourt

Parisiense, arqueóloga e jornalista, apaixonada pelo Brasil, já escreveu vários livros sobre turismo brasileiro

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