Por Ângela Diana
Crise? Você é brasileira ou brasileiro, então a tal crise está no nosso DNA! Fala se não é assim? Nem vou comentar sobre política, mas sobre como a arte salvou esse ano (porque BRASILEIRO não tem paz, gente!)
Três semanas de cama e me veio o crochê da bisa. Daí descubro que tem muitos artistas fazendo o “crochê livre”, livre de regras, divertido e colorido…

Foi o ano que descobri muitas artistas mulheres, daquelas que a mídia não fala e muitas foram relegadas no tempo (e ano que vem tem mais!). Descobri histórias que infelizmente se repetem, do tipo maridos abusivos tentando afogar o talento de suas parceiras, mas o tempo nunca falha, e o tempo tem o poder de deixar aparecer só o que é mais importante. O trabalho dessas artistas!
Descobri todo uma obra e uma luta de artistas trans, luta contra o preconceito através da arte, e isso sem falar das artistas negras (que, aliás, falarei mais, muito mais!).
O ano foi difícil (e para quem não?). Ah! Se não fosse a arte!
O compromisso bom de escrever essa coluna, fazer o trabalho da rádio (DNA ROCK BRASIL), e a descoberta de tantas mulheres que arrebentam no universo da música underground!
E na coluna ainda não falei das fotógrafas, coreografias, bailarinas… Foco muito nas artistas plásticas, pois no mundo das artes, a visibilidade delas para um grande público ainda é muito pouco perto do que elas merecem. Além dessa categoria ser considerada de “elite”. E a ironia é que é uma das categorias da arte mais próximas das pessoas, pois o artista pinta, desenha, costura, reproduz, sente e fala da realidade do dia a dia… Das pessoas que estão nas ruas, nos ônibus, nos mercados…das marcas que o mundo deixa.
As artes plásticas, assim como várias categorias, são incompreendidas. E, é claro, povo sem cultura é facilmente manobrado!

Que descoberta terrível esse ano, de como o brasileiro(a) aceita tudo sem nem ao menos pensar, triste realidade de um povo que desconhece a força que tem e a cultura riquíssima que possui, ou por pura ignorância, preconceito, preguiça mental, moralismo falso, comodismo (eu disse que não ia falar de política, né?).
Livros salvam, pintura, desenho, trabalho de outras artistas e outros tantos fazendo vários projetos pelo Brasil afora, independentes do estado precário. Vi muito artista resistindo e continuando. E muita gente boa morrendo ainda de covid, voltando pra casa espiritual, mas deixando legados incríveis.
A música também salvou o ano… E como!
E aí se não fosse a responsa de escrever a coluna toda semana…
Meu ano foi salvo pela arte. Mais uma vez!
Tatuadores, grafiteiros, músicos, fotógrafos, artistas visuais, estilistas e historiadores da arte, escritores, livros novos como o “Roube como um artista” ou “O livro das coisas perdidas”.
E isso sem nem falar do cinema, das séries, que salvaram as madrugas de insônia e ajudaram a minimizar a crise de dinheiro e contas a pagar.
Final de semana com arte , é o que desejo para todos!

Ângela Diana
Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos.
Foto: Grafite de um muro de Curitiba – Pinterest