Biel, meu filho mais novo, fez quatro anos não tem nem uma semana e eu estava percebendo que ele estava mais irritado que o normal. Chorava por causa de qualquer coisa e ficava chorando um tempão depois disso, magoado, e demorava para voltar ao normal. E ele definitivamente não é assim. Achei que tinha sido por ter saído da rotina – se tiver uma parte “ruim” de ter uma rotina é que, caso precise sair dela (como no caso dele, que teve a festa de aniversário sexta-feira a noite, e acabou dormindo de exaustão no chão mesmo, por volta da meia noite), isso atrapalha o sono da criança pelos próximos dias. Então achei que a irritação era mais por causa do cansaço.
Fui pesquisar mais sobre desenvolvimento de crianças de quatro anos e lembrei que: há um grande salto de desenvolvimento nessa idade (que se encerra até os seis anos) principalmente na linguagem (aprendem fonemas novos) e habilidades cognitivas e motoras. Isso também aconteceu com o Rafa. E em termos bem simplistas, toda essa carga nova de informações “cansa” e “estressa” o cérebro, deixando a criança muito mais irritada que o normal.
Muito menos divulgado que os “Terrible Twos”, ele é chamado de “Terrible Fours” (como é que falam? Criar filhos é como no videogame: você passa por um chefão para logo vir outro mais difícil! Bem vindo à maternidade real!)
Todo salto de desenvolvimento causa um estresse na criança. Lógico que algumas pessoas sentem mais do que outras, mas é comum a criança mudar um pouco o humor e chorar mais ou ter mais ataques de birra – como no salto de oito meses, dois anos e na própria adolescência. Esses marcos de desenvolvimento são importantes e precisam ser entendidos pelos pais. A criança não está agindo daquela forma porque é mal educada ou birrenta. É um desequilíbrio cerebral que, se bem administrada, não vai trazer malefício algum à educação do seu filho.
Por mais irritante que seja, ele precisa de apoio e não de brigas e castigo.
Aqui em casa tenho respirado fundo, contado até três e tentado não ficar colocando de castigo ou repreendendo demais. Tem dia que estou mais estressada e aí é importante ter outro adulto que esteja menos cansado mentalmente para dar essa ajuda emocional para sua criança! E para você também, lógico… Aqui em casa, se meu marido percebe que estou perdendo a paciência, pega os meninos para brincar, dá colo e distrai para que a choradeira acabe. Converse com a pessoa que te ajuda, porque dois adultos brigando com uma criança que já está cansada e estressada não ajudar em nada! Meu mantra atual é “vai passar!” Respira fundo!
Foto: Acervo pessoal
Paula Barbosa Ocanha

Jornalista, casada, trinta e poucos anos, dois filhos e apaixonada por educação infantil. Mesmo antes de casar, eu lia e me interessava por técnicas de educação, livros de pedagogia e questões sobre o desenvolvimento humano, principalmente na primeira infância. Com essa coluna, gostaria de relatar minhas experiências pessoais. E assim espero lhe ajudar, de alguma forma, a passar mais facilmente por essa linda (e assustadora) jornada da maternidade! Vem comigo e me siga também no Instagram @mamaepata