Se você tem mais de um filho, principalmente com pouca diferença de idade, já deve ter apartado algumas brigas que vivaram agressão física. Meus dois meninos são muito parceiros e brincam muito bem juntos, mas tem dia que a briga começa e a gritaria é tanta que parece que um deles está sendo torturado com requintes de crueldade! Vizinhos: parece que eles estão se matando, mas está tudo bem! Não chamem o conselho tutelar! Haha!
Com personalidade muito distintas, os dois têm formas diferentes de resolverem os problemas. Rafa conversa mais. Biel tinha muita mania de bater e empurrar quando se sentia contrariado. Ele melhorou bastante, mas às vezes ainda bate no irmão. O mais velho, que gosta de argumentar e falar muito, fica magoado com a agressão e chora como se não houvesse amanhã. Biel leva bronca e chora também, porque acha que está certo.
Na cabecinha dele, ele bateu porque foi provocado, então o Rafa que tinha que levar bronca, e não ele. É um auê! No fim, eu acabo no meio de duas crianças chorando, gritando ao mesmo tempo coisas como “FOI ELE QUE COMEÇOU!”, “MAS ELE ME BATEU”, “MAS ELE ME EMPURROU”, “MENTIRA! ELE ME BATEU PRIMEIRO E DEPOIS QUE EU EMPURREI!”… e eu, sem saber o que fazer, como agir nem quem castigar.
É importante ajudar seus filhos a resolverem os próprios problemas. Primeiro porque eles precisam saber argumentar e elaborar pensamentos lógicos sobre o que está acontecendo. E segundo, você nem sempre estará lá para resolver as questões deles.
Comecei a ajudar antes que o negócio entornasse e virasse agressão. Quando eu via que eles chegavam em um impasse, parava, sentava com eles e deixava os dois tentarem resolver. “Quem escolheu o último desenho?”. “Foi o Biel!”. Então eu falava: “Rafa, fala para seu irmão que é sua vez de escolher! E depois é a vez dele de novo!”.
Ao invés de eu resolver o problema por eles, faço eles repetirem porque espero que, na próxima vez, eles resolvam sozinhos. Se você interferir sempre, vão acabar esperando e dependendo que você resolva as coisas. O certo é que eles conversem e resolvam. Assim, criam segurança e independência com outras pessoas também.
Não defenda sempre o mais novo. Não dê razão sempre ao mais velho. Analise a situação e ensine seus filhos a conversar. É um processo lento, é cansativo, mas é necessário e muito satisfatório. A primeira vez que eu estava na cozinha e escutei os dois resolvendo uma questão sobre um brinquedo sem me chamar, soube que todo o trabalho vale a pena!
Foto: Acervo pessoal
Paula Barbosa Ocanha

Jornalista, casada, trinta e poucos anos, dois filhos e apaixonada por educação infantil. Mesmo antes de casar, eu lia e me interessava por técnicas de educação, livros de pedagogia e questões sobre o desenvolvimento humano, principalmente na primeira infância. Com essa coluna, gostaria de relatar minhas experiências pessoais. E assim espero lhe ajudar, de alguma forma, a passar mais facilmente por essa linda (e assustadora) jornada da maternidade! Vem comigo e me siga também no Instagram @mamaepata