Mães, pais, familiares e qualquer pessoa que convivam com um bebê vai começar a falar “não” pelo menos 85 vezes por dia a partir do momento que a criança começar a engatinhar! Não sobe aí, não mexe, não pode, não coloca na boca, não pega! Não! Não! Não! E vamos ser sinceros: isso é tão eficaz quanto tentar tirar toda a água de uma piscina usando um copinho descartável de café.
O conceito do “não” demora a ser compreendido e, por isso, falar “não suba” ou “suba” dá na mesma.
Mas vamos falar aqui sobre crianças maiores. A partir de um ano e meio a criança entende o conceito da palavra mas, na maioria das vezes, ela ignora os avisos porque é curiosa e está explorando o mundo. A dica é sempre apresentar uma coisa mais interessante para a criança fazer. Falamos tanto sobre o que ela não pode fazer, mas e o que pode? Falar “não” e apenas esperar que a criança arrume outra coisa para mexer/explorar não é muito produtivo.
Por isso, sempre guardei brinquedos. Pegava os que eu via e que meus meninos mais gostavam e, na hora, em que estavam agitados ou fazendo alguma coisa que não podia eu falava “Olha! Vamos brincar com essas bolinhas? E se você tentar separar por cor? Vamos fazer isso?”. Ou “nesses blocos você pode mexer”, “olha só esses botões, esse você pode apertar!”
Apresentando uma atividade interessante ajuda a criança a focar em uma coisa que ela realmente pode fazer. Já dei essa dica aqui: organize os brinquedos e sempre deixe poucas opções. “Meu filho tem um milhão de brinquedos e não brinca”, talvez seja justamente porque tem brinquedo demais! E aí sua gaveta de potes plásticos, organizados por tamanho e cores, é muito mais interessante do que uma montanha de brinquedos bagunçados.
Você está na fila do banco e sua criança de quatro anos, entediada, quer correr, saltar, pegar copos do lixo. Um dia, o Rafael pegou um lixo de copos descartáveis e virou na cabeça. Fiquei com vontade de falar: “por favor, quem é a mãe dessa criança?”. Podia ser pior, tipo lixo orgânico, mas enfim. Comecei a sair com ele e com algum brinquedo ou caneta e papel. Na hora do tédio, oferecia alguma alternativa para a criança não fazer mais coisas desse tipo.
Tente substituir o simples “não” por “filho, aqui é perigoso você correr. Vamos tentar fazer um desenho até a mamãe ser atendida?” Opções. Sempre ofereça opções.
E também deixe sempre uma gaveta de potes plásticos para a criança mexer. Tem coisa que é mais fácil desencanar do que proibir. Está na cozinha e precisa ficar de olho na cria? Dê logo uns potes e umas colheres grandes e deixe a criança ser feliz!
Foto: Acervo Pessoal
Paula Barbosa Ocanha

Jornalista, casada, trinta e poucos anos, dois filhos e apaixonada por educação infantil. Mesmo antes de casar, eu lia e me interessava por técnicas de educação, livros de pedagogia e questões sobre o desenvolvimento humano, principalmente na primeira infância. Com essa coluna, gostaria de relatar minhas experiências pessoais. E assim espero lhe ajudar, de alguma forma, a passar mais facilmente por essa linda (e assustadora) jornada da maternidade! Vem comigo e me siga também no Instagram @mamaepata