O que é ser um educador do futuro? Ou, então, o que é educar para o futuro? Há pouco tempo, quando eu imaginava esses conceitos aplicados na sala de aula, eu pensava em robôs ou seres humanos quase que robóticos no papel protagonista do professor. Entretanto, isso tudo é uma utopia um tanto quanto difícil de se realizar. Ou, ao menos, destinada apenas à ficção científica, nos filmes ou séries por aí. Afinal, uma escola totalmente robotizada, tal qual uma indústria do século XXI será tão ineficiente – ou mais – quanto os modelos adotados no passado, que já não fazem mais parte da realidade de hoje.
Mesmo assim, uma educação do futuro deve, todavia, partir do passado. Como historiador, sei a importância que tem os erros e acertos que testemunhamos ao longo do tempo ou como os docentes ensinavam e como os alunos aprendiam. Independentemente de quão falha tenha sido a educação brasileira e mundial até agora ou do quanto as metodologias estejam ultrapassadas e precisem ser renovadas, é necessário tomar ciência de algo muito importante e que não muda, jamais: a educação do futuro, tal qual a de antigamente, deve sempre estar focada nas pessoas, em seu bem estar e, de forma ampla, em todos os aspectos e sentidos.
Talvez o que seja necessário fazer é adaptar um pouco essa relação interpessoal. Antes, era tudo verticalizado. O professor era um ser superior, intocável, detentor de todo o saber. Isso não faz mais sentido em nossas salas de aula, em nossa realidade. Até porque os alunos têm tantas fontes de conhecimento que nem sempre precisam do professor. Ao contrário, o que estabelece uma conexão entre discentes e docentes, hoje em dia, é a empatia. Assim, embora existam infinitas possibilidades e plataformas para que o conhecimento, intuitivamente, seja ensinado, o que conquista a atenção escolar é o relacionamento empático entre os agentes do processo educacional.
A empatia legitima o processo de aprendizagem, que deve ser horizontal. Só assim serão criadas a confiança e a abertura necessárias para a absorção dos conteúdos programáticos, muitas vezes enfadonhos e chatos de serem aprendidos. A educação do futuro é aquela capaz de criar conexões, conceito tão na moda em tempos de redes sociais, mas, ao mesmo tempo, tão antigo quanto nossos avós. Quer ver? Você se lembra dos seus professores? Certamente aquele que você tem mais vivo na memória seja o que se conectou contigo mais profundamente, de forma significativa.
Tiago Mariano
Formado em História pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), pós-graduado em Ensino e História. Com mais de 15 anos de experiência em sala de aula de diversos colégios públicos e particulares de Londrina e Cambé, é coordenador das startups londrinenses EducaMaker, Educação Criativa e Aagro, além de manter o canal no Youtube Prof. Tiago Ledesma Mariano. Em 2018, foi premiado pela Google for Education (2018) com o primeiro lugar nacional no Programa Boas Práticas pela criação de um método de formação de alunos de alta performance. Já foi diretor de tecnologia e inovação educacional da Secretaria Estadual da Educação (SEED) e coordenou a construção do novo catálogo nacional de cursos técnicos do Ministério da Educação (MEC).
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