Lendo o título dessa matéria, lembrei de Caetano Veloso, que tinha um programa chamado: “Vendo Música”. Então… Revendo disco!
Dando uma olhada no que sobrou da minha coleção de vinis, eu vi o disco do Hanói-Hanói que se chama “Fanzine”. Lembro que comprei esse disco em 1991, movido pela música “Totalmente demais” que é do primeiro disco da banda, lançado em 1986. Fanzine já é o segundo disco, lançado em 1988. Ao todo, a banda lançou cinco discos.

Do primeiro disco, fui conferir tudo muito tempo depois, mas esse segundo escutei muito! Na minha modesta opinião, esse disco todo é fantástico. Tem uma curiosidade sobre os discos lançados do Hanói-Hanói: desde o primeiro até o quinto, esse que é o último trabalho da banda e ao vivo, quase todos tem “uma” música gravada por outro artista, versão e letras escritas com outros parceiros musicais. No álbum “Geiger” que tem a música “Hélio”, conta com a participação de Ivo Meirelles e Fausto Fawcet, que por sinal é uma música foda! No álbum “O Ser E O Nada” tem “Jovem”, letra escrita por Arnaldo Brandão e Cazuza. Aliás, os dois já escreveram várias letras maravilhosas, já que eram amigos.
No primeiro álbum eles gravaram “Blá Blá Blá Eu Te Amo”, que ficou mais conhecida na voz de Lobão, quando ele gravou em 1987, com o nome “Rádio Blá”.
No álbum “Hanói-Hanói – Ao Vivo”, eles incluíram: “Jovem” e “Blá Blá Blá Eu Te Amo”.
Esse “Ao Vivo” é um sonho de consumo. Como eu corri atrás desse vinil! Mas, infelizmente, não tive êxito. Álbum “fodástico”, super bem gravado, sem contar que os caras tocam muito!
Mas vamos para o álbum “Fanzine”. A arte da capa desse vinil é muito interessante e pesada ao mesmo tempo. O que esse menino segura é uma bomba de gás lacrimogêneo, a foto é do fotógrafo Chiquito Chaves, durante uma invasão policial no morro da “Rocinha”, em 1987. Depois que bateu essa foto, não conseguiu fazer mais nenhuma outra, tudo virou um caos gigantesco quando a PM foi pra cima.

Tavinho Paes, que escrevia as letras com Arnaldo Brandão, quando viu a foto decidiu que seria essa a capa do álbum. E quando isso aconteceu, eles estavam gravando o disco. Foi uma comoção geral e teve um impacto enorme durante a gravação.
Hanoi-Hanoi sempre foi muito panfletário em uma época que não existia blog e Facebook. Eles, o underground de uma forma geral, se expressavam e comunicavam através dos fanzines. Inclusive o encarte do disco posso dizer que é um “fanzine”. Para a galera jovem que não sabe o que é um “fanzine”, recomendo pesquisar.
Além disso tudo, esse disco tem uma “parada” que poucos sabem. A penúltima música do lado B, simplesmente é “O Tempo não Para”, de Arnaldo Brandão e Cazuza. Música essa que foi lançada primeiro com o Hanói-Hanói. Depois de uns anos, Cazuza regravou e virou sucesso. Eu ainda prefiro mil vezes a do Hanói. Deem uma pesquisada no YouTube que vão achar rapidinho.
Tenho uma história com o disco Fanzine. Na época eu trabalhava tirando xerox junto com outro funcionário e na música Fanzine tem uma parte que fala: “E tome zine, zine, zine em papel de xerox”. Toda vez que pegávamos um trabalho grande e isso era direto, eu ficava cantando essa parte até o cara começar a me xingar e me mandar calar a boca. Cara chato!
Depois para me provocar, ele ficava falando toda hora que era o “ás das cópias”. Kkkkkkkkk, que merda.
Em 2017, eles gravaram um DVD ao vivo, em alusão aos 30 anos da banda. Com participações de Samuel Rosa, dentre outros.
Dando um “confere” vi que eles estavam fazendo shows esporádicos em algumas cidades, não sei se posso ter esperança de ainda assistir um show deles aqui no Paraná, inclusive por causa de pandemia do “hell”, mas…
Valeu Hanói-Hanói
Bora pro Rock!
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Rogerio Rigoni

Foi comerciante a vida toda, se rebelou e assumiu seu lado de escultor. A música que sempre foi sua paixão! Rock and roll na vida e na arte!
Foto: Reprodução da internet