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Usar a fé de alguém para intimidar ou constranger…

Por Fábio Luporini

Você já sofreu algum tipo de preconceito por causa de sua fé religiosa? Eu já. E não recomendo. E olha que professo uma fé considerada dominante: o catolicismo. Faltam-me palavras para descrever como foi. Mas, vou contextualizar para que vocês entendam. E deixo registrado aqui que o que eu passei fica longe de qualquer tipo de intolerância, constrangimento ou aversão que sofrem amigos e pessoas que sejam adeptas do candomblé ou da umbanda, por exemplo. Não é meu lugar de fala, mas, imagino que seja muito pior do que aqueles que se consideram cristãos.

Tive um contratempo com um pedido de pizzas via aplicativo/plataforma de delivery. Depois de uma hora e meia, o pedido foi cancelado. E o estabelecimento não procurou resolver a situação. Tentei ligar três vezes para ver como resolver, afinal, eu e meus amigos estávamos com muita fome. E o telefone indicado por eles próprios na internet não atendeu às ligações. Então, fui reclamar nas redes sociais. E recebi mensagens de três pessoas distintas, aparentemente, coordenadas, dizendo serem amigas do dono, terem visto meu pedido ser cancelado… estranho, porque algumas informações que me passaram eram desencontradas.

Obviamente, somente depois de reclamar nas redes sociais é que fui respondido pelo estabelecimento, culpando o entregador e a plataforma. Ok. Não duvido que tenha sido erro do sistema ou do aplicativo. Mas não é esse tipo de atendimento que procuro nos locais que frequento ou onde peço comida. O fato é que, na resposta que recebi via redes sociais, uma fala me chamou a atenção, dizendo que eu era devoto de Nossa Senhora de Fátima e que eles me colocariam em oração, citando a seguinte frase: “penitência, penitência e penitência”.

Em primeiro lugar, não sou devoto de Nossa Senhora de Fátima, padroeira de Portugal. Sou devoto de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Em segundo lugar, usar a fé de outrem para tentar jogar um “peso na consciência” não significa apenas fugir do problema, mas, sobretudo, usar a fé de alguém para tentar intimidar ou constranger. Não se faz isso. Por isso, coloco-me no lugar de tantas e tantas pessoas que, por medo ou por sofrerem preconceito, não conseguem expressar livremente sua fé em qualquer religião, divindade ou crença.

Que tenhamos e busquemos mais sensibilidade com a fé alheia. Que assim seja, amém.

Fábio Luporini

Sou jornalista formado pela  Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.

Foto: Pixabay

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