Por Fábio Luporini
Quebrar a confiança de alguém. Romper ou violar um vínculo ou contrato social. Decepção. Frustração. Essas são algumas das definições do que comumente chamamos de traição. Um ato tão antigo quanto a própria sociedade e tão comum quanto respirar. Como seres humanos, fazemos isso o tempo todo, seja em qualquer tipo de relação: amizade, namoro, casamento, relacionamento profissional. Em todos os âmbitos sociais existe traição. Mas por que não conseguimos parar de trair?
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Vejo a traição como uma somatória de expectativas não correspondidas, de decepções, de carências, desejos, fraquezas e vontades. E, quando acontece – ou quando é descoberta – produz os mais perversos conflitos morais e psicológicos. É capaz de jogar uma pessoa no abismo de seus conceitos e preconceitos, beirando à depressão e aos traumas que se carrega com tudo junto. Digo assim por que há uma grande diferença entre trair e descobrir a traição. Enquanto não se descobre, o ser humano é capaz de dissimular situações e agir com naturalidade, apesar da chamada traição.
E aqui neste espaço, não quero apontar o dedo para quem está errado ou para quem se considera culpado. Afinal, após uma descoberta de traição, aquele que tem uma pequena régua moral carrega consigo grande parcela de culpa. E isso já basta. Pelo contrário, aqui, na Dica Filosófica, quero descontruir os padrões sociais que estão cristalizados e que, na maioria dos casos, não são seguidos. Afinal, traição acontece o tempo todo. Inclusive em pensamento. Nem sempre às vias de fato, mas, sobretudo, em devaneios e ruminações pensativas.
Então, o segredo para evitar qualquer tipo de traição talvez seja construir uma relação baseada na confiança, mas, também, na correspondência de expectativas. Afinal, um relacionamento pressupõe renúncias e abdicações. Quando não estamos mais dispostos a fazê-los, com o tempo corremos o risco de trair ou sermos traídos. Ou, então, é preciso aceitar que nossas expectativas nem sempre serão correspondidas. Mas, aí, é preciso rever o relacionamento. Até porque, traição é comum, mas não é normal.

Fábio Luporini
Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.
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