Há quanto tempo você não tira umas boas férias? Aparte à pandemia do coronavírus pela qual estamos passando, que restringiu uma série de atividades, incluindo viagens, descansar do trabalho não é apenas importante. Mas, sobretudo, essencial à vida. Inclusive para melhorar a produtividade. Tal qual estar sozinho, seja numa viagem, num restaurante, num cinema. Tudo isso faz parte da rotina da contemporaneidade.
Se, por um lado, o pensador italiano Domenico de Masi teoriza acerca da essencialidade do que ele chamou de “ócio criativo” – tempo livre ou justo equilíbrio entre trabalho, estudo e descanso que incentiva e melhora a criatividade –, por outro, a sociedade contemporânea, cada vez mais, estabelece relações trabalhistas que inviabilizam uma parada estratégica no universo laboral. Isso porque as relações de trabalho estão mais informais que antes e, assim, quando o trabalhador tira férias, ele deixa de receber porque não tem vínculo empregatício e, consequentemente, não está amparado pelos direitos trabalhistas.
Mesmo assim, entre as escolhas possíveis, eu recomendo a parada. Fugir da rotina por uns dias, nem que sejam três, cinco ou sete. O escritor americano, prêmio Nobel de Literatura, John Ernest Steinbeck, diz: “A arte do descanso é uma parte da arte de trabalhar”. Faz todo sentido.
Além disso, nas profundezas do pensamento do filósofo alemão Friedrich Nietzsche está a importância que deve ter, na vida do homem, a solidão. E o que solidão tem a ver com férias e descanso? É que estar sozinho também nos descansa da vida social, daquelas aparências que, às vezes até de forma inconsciente, precisamos manter diante das pessoas e das obrigações. Mais que isso, a solidão nos desnuda das vestimentas sociais que nos obrigamos a vestir.
Por isso é tão importante descansarmos de todas as atividades que fazem parte da nossa rotina. Ir pro meio do mato, tomar um banho de cachoeira, viajar, relaxar em hotel, resort ou passear por lugares diferentes, tomar café onde ninguém nos conhece… tudo isso faz parte do “tirar férias”.
Fábio Luporini
Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.
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