Por que aceitamos pessoas invasivas em nossas vidas?

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Por Fábio Luporini


Outro dia fui levar minha irmã a um show no Parque de Exposições Ney Braga e um “cuidador de carros” avançou até o vidro do meu e começou a bater “exigindo” que eu abrisse a janela. Quando abri, começou a “dar ordens” para eu estacionar aqui ou acolá. E eu disse a ele, de modo firme, que eu não ia estacionar porque só fui deixar as meninas no show. O cara não disse nada e foi embora. Atrás, uma das amigas da minha irmã classificou a atitude dele como “invasiva”. A partir de então, comecei a refletir nesse termo e nesse tipo de situação.

O que é ser uma pessoa invasiva? O dicionário diz que é infringir, desobedecer, ofender ou transgredir, agir de modo hostil ou agressivo. Entretanto, para a ciência da psiqué, ou até para a filosofia, é muito mais que isso. É xeretar, matar a curiosidade, perguntar demais ou insinuar coisas. Resumindo, significa ultrapassar os limites do outro. E aí, dei-me conta de quantas vezes nós permitimos que as pessoas ultrapassem os nossos limites, às vezes por tolerar as amizades ou, simplesmente, por conveniências sociais. Percebi ainda que estou de saco cheio dessas invasões, principalmente, à minha privacidade ou ao meu modo de viver e ver a vida.

Sabe quando, numa reunião de família ou de amigos, algumas pessoas inconvenientes começam a perguntar para o (a) solteiro (a) se não vai arrumar alguém, se não vai engatar um namoro? Então, isso pode ser algo invasivo, constrangedor, inconveniente. E por que é que a gente aceita esse tipo de situação? Eu, nos últimos tempos, já começo a fechar a cara e dizer “não começa” ou “qual a parte que você não entendeu que eu não estou a fim”? Infelizmente, sempre há os que acham necessário fazer papel de cupido, quando, na verdade, estão fazendo papel invasivo.

Essa realidade se multiplica em diversas e diferentes outras situações do dia a dia. “Você tem que fazer uma faculdade”, “você precisa relaxar”, “está na hora de você tirar férias”, entre outras expressões que revelam, nada mais nada menos, que alguém se intrometendo na sua vida. Afinal, quem é que disse que eu tenho que fazer isso ou aquilo? Se a vida é minha, sou eu que tenho que saber o que eu devo ou não fazer. E se eu não souber, e precisar de ajuda, eu peço. Obrigado!

Fábio Luporini

Sou jornalista formado pela  Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.

Foto: Pexels

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