Por Fábio Luporini
Receber a notícia de que alguém próximo (ou nem tão próximo assim, mas, conhecido) tirou a própria vida, é gatilho para uma série de reflexões das quais jamais teremos as respostas. Mesmo assim, considero importante fazê-las, a fim de que possamos entender as razões que levam uma pessoa a cometer suicídio. E defendo ainda que a imprensa, que não publica ou divulga esse tipo de caso, pudesse adotar uma postura diferente, no sentido de abordar as questões do tema relacionadas à prevenção.
Na filosofia, alguns pensadores teorizaram acerca do suicídio, relacionando-os a um fenômeno social. O filósofo argelino Albert Camus, por exemplo, embora não negue o suicídio como um fenômeno social, aponta que esse gesto acontece, primeiramente, no silêncio do coração, ou seja, é algo particular e individual. O ser humano pensa que não vale a pena viver a vida. E, assim, ocorre de maneira que a pessoa pense ser uma alternativa para acabar com o absurdo do mundo, uma forma de fugir dessa realidade.
Por outro lado, o filósofo francês Émile Durkheim encara o suicídio de maneira totalmente social. Para ele, é um ato que resulta em morte, a partir da atuação da vítima, consciente do resultado final. Em suas reflexões, ele aponta três tipos: suicídio egoísta, quando o indivíduo não vê mais sentido em sua vida e não vê mais razão para viver, suicidando-se sem pensar no coletivo, nas pessoas que ficam; altruísta, quando o indivíduo tira a própria vida em razão de uma causa, de uma ideia ou ideologia, assim como kamikazes japoneses, homens-bomba, etc.; e, por fim, o anômico, fruto de uma anomia social, de algo que ocorre na sociedade e que leva o indivíduo a cometer tal ato, podendo ser uma crise econômica, por exemplo.
Sem qualquer tipo de julgamento, é preciso parar e observar por que uma adolescente de 17 anos, rodeada de amigos, bonita e cheia de sonhos, decide tirar a própria vida? Esse é apenas um exemplo, mas, poderiam ser vários. Adolescentes e jovens, motivados por uma angústia interior, às vezes imperceptíveis para os que convivem, ou, então, adultos esgotados e cansados de algo que lhes sufoca… São inúmeros os motivos e causas, tantos quantos os modos de poder prevenir e identificar. Precisamos falar mais sobre essas situações, discutir com os jovens, reunir os adolescentes, deixa-los expor pensamentos e ideias, falar sobre problemas.
Fábio Luporini

Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.
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