Por Fábio Luporini
Palavras como mito e as cores verde e amarelo da bandeira do Brasil estão desgastadas, dado o mau uso por parte de uma parcela da população. Assim como o discurso antipolítica empreendido a partir de 2018 numa onda eleitoral vil. Entretanto, desde que o mundo moderno retomou as origens clássicas, a política é figura central e fundamental no estabelecimento de uma vida social que atenda às necessidades e anseios da sociedade da época. Por isso, mesmo o político antipolítico se utiliza da política para fazer política.
Em princípio, a origem da palavra política vem do grego polis, que significa cidade-Estado. Na Grécia antes de Cristo, a cidade-Estado era uma unidade independente uma da outra. Entre os exemplos mais famosos estão Atenas, Creta, Troia, entre outras. Ou seja, a cidade-Estado representa, em última instância, a própria sociedade. Portanto, a palavra política diz respeito a tudo o que tem a ver com a organização e administração da polis, ou seja, da cidade. Inclusive quem não tem qualquer cargo público.
Afinal, todo cidadão vive na cidade, participa da cidade e de ajudar a cuidar da cidade. Nesse sentido, o discurso antipolítica é vazio e sem fundamento. Porque não tem como viver em uma sociedade tão complexa quanto a brasileira e fugir dos meios políticos de organização e administração do país. A não ser que a pessoa seja um ermitão e viva isoladamente. Dessa maneira, o discurso antipolítica é emburrecedor, ignorante e alienante. E tem como objetivo desviar o foco e o assunto de questões importantes que devem ser resolvidas.
Saúde, educação, segurança, moradia, alimentação, emprego e renda, por exemplo, são relegados a segundo plano e as falcatruas e corrupções são escondidas por um discurso extremista que demoniza a política. O Brasil passa por esse processo desde 2016. E o presidente Jair Bolsonaro surfou nessa onda, mesmo sendo um político profissional há quase 30 anos. E tendo se beneficiado dessa política profissional à qual ele mesmo desfere golpes e críticas. Está na hora da gente filosofar mais, de não abrir mão da educação social e política, justamente para evitar que essas ondas ignorantes avassalem o país de tempos em tempos.
Fábio Luporini
Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.
Foto: jimmy teoh no Pexels