O negacionismo da eficácia das medidas protetivas contra a Covid-19 (uso de máscaras, distanciamento e isolamento social) ganha variantes perigosas, como a negação da vacina e da vacinação em massa, o que põe em risco a saúde e a vida de muitas pessoas. No Brasil, principalmente, a luta atingiu o patamar da dicotomia entre a ignorância político-religiosa e a defesa científica em prol da vida. Se não precisássemos perder tanto tempo com isso, talvez não estivesse morrendo tantos brasileiros na pandemia. O antídoto para essa realidade é a educação.
E a prova de redação da Universidade Estadual de Londrina (UEL), que aplicou o vestibular no dia 30 de maio, mostra que há esperança em meio às trevas. Completamente militante em favor da ciência e contra o negacionismo, a temática proposta mostrou, de forma simples, que não há solução melhor que a consciência educacional. É ela quem afasta o obscurantismo cego que impede as pessoas de verem a luz. Que desmistificam dogmatismos ultrapassados e arcaicos. Daí a importância do ensino regular de Filosofia desde os primórdios do ensino fundamental, com mais intensidade a partir do 6º ano, quando já é possível desenvolver algumas reflexões críticas com as crianças.
Mas, os estudantes não podem chegar ao ensino médio sem saberem quem foi Sócrates, Platão ou Aristóteles. Que Pitágoras não é apenas o dono do teorema, mas, foi importantíssimo para a filosofia nascente. E que a matemática é irmã quase que gêmea do pensamento filosófico. Isso tudo tem que ser muito normal e natural. Porque estimula a criticidade desde cedo, contribuindo para formar pessoas inteligentes e sábias, não ignorantes. Assim sendo, é possível compreender a militância da prova de redação da UEL. Se os governos não têm interesse em estimular a filosofia, então ao menos a escola pública tem a obrigação de combater essa realidade.
Que orgulho da UEL e dos estudantes que conseguiram entender e compreender a importância de uma criticidade. Agora, mais do que nunca, para além de disputas políticas dicotômicas entre esquerda e direita, é preciso defender o ensino regular da filosofia e da sociologia, que devem ser disciplinas obrigatórias e prazerosas aos alunos. Quem aí está comigo nessa luta?
Fábio Luporini
Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.
Foto: Polina Tankilevitch no Pexels
1 comentário
Perfeito o pensamento! Parabens!