Por Fábio Luporini
Não é não. E essa pequena frase com palavras repetidas serve para diversas situações cotidianas. Desde a mãe que se posiciona contra o filho jogar vídeo game até tarde ou negar-lhe a compra de um produto desnecessário até mulheres e homens que resistem às investidas afetivas ou sexuais de uma cantada ou de um parceiro com o qual não querem se relacionar. Não é não. E é preciso que as pessoas entendam esse grande conceito escondido atrás de uma pequena palavra.
Dizer não significa demonstrar a contrariedade com algo ou alguém, com alguma situação ou realidade. Significa que, para além da sugestão de outrem, a pessoa dona da negativa tem um pensamento próprio e autônomo. Mais ainda: tem liberdade para decidir o que quer e o que não quer. Frequentemente sugerem-me que eu encontre alguém para relacionar-me sob o argumento de que “preciso” casar ou que “devo” ter filhos. Estou cansado de dizer não e não ser compreendido ou respeitado nessa negativa.
Afinal, por que as pessoas insistem tanto em sugerirem às outras pessoas o que elas mesmas não conseguiram? Vejo uma necessidade de (re)afirmação no outro daquilo que não deu certo em si mesmo: um casamento falido, uma educação filial mal dada, uma frustração afetiva. Tudo isso se projeta nas expectativas que se depositam no outro, que não tem nada a ver com isso. Portanto, não é não. Não é legal dizer que o outro precisa emagrecer, que deve se casar, que já passou da hora de ter filhos, que necessita de um trabalho diferente.
Se dizer não representa uma maturidade da pessoa que encara corajosamente a sociedade, saber entender esse não é de uma compreensão rara e extremamente importante e imprescindível no mundo em que vivemos. A contemporaneidade seria muito melhor vivida se as pessoas respeitassem os nãos da vida, dos amigos, dos familiares. Não é não. E isso deve ser exercitado desde sempre, desde a primeira infância, a fim de que cresçamos com esse hábito respeitoso.

Fábio Luporini
Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.
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