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Machismo e misoginia não têm graça

Por Fábio Luporini

A realidade machista e misógina que insiste em persistir presente na sociedade contemporânea, dá sinais, cada vez mais claros, de que é algo insustentável e ridículo, em pleno século XXI. O tapão que Will Smith, vencedor do Oscar de melhor ator, deu no apresentador Chris Rock, dias atrás, nos revela justamente essa insatisfação com as insistentes situações em que a mulher é ridicularizada por conta de um padrão de beleza. No caso, a piada de um contra a esposa do outro foi algo relacionado ao cabelo raspado de Jada Pinkett Smith.

Não é legal ridicularizar a mulher que está com o cabelo raspado por conta de uma alopecia, condição autoimune associada à queda de cabelos ou pelos do corpo. Como também não é correto associar um crime cometido contra uma mulher como algo “passional”. Isto é, o termo faz parte de uma ideia ultrapassada que transformava a vítima em culpada, desnumanizando e objetificando a mulher, minimizando o assassinato ou qualquer outro tipo de crime cometido por um homem, motivado pelo amor e pela paixão, sentimentos nobres.

Se a mulher raspar o cabelo, seja por qual motivo for, não é da conta de ninguém, afinal, o ser humano não vem com um manual que diz que a mulher deve ter os cabelos compridos e os homens, curtos. Ou que mulher veste rosa e homem, azul. Da mesma maneira que crime contra mulher, no caso de um assassinato, é feminicídio. Então, é importante e necessário falar sobre essas questões delicadas a fim de que a mentalidade seja transformada e transformadora.

Em Londrina, o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher promoveu, semana passada, uma roda de conversa sobre o papel da mídia no enfrentamento à violência contra mulheres. É uma excelente iniciativa, que pode e deve vir acompanhadas de muitas outras, vindas de tantos outros lugares, entidades e instituições. Afinal, aquela mentalidade de “tiozão do churrasco ou do whatsapp” precisa dar lugar ao respeito, à dignidade, ao incentivo que as mulheres precisam e merecem. As piadas não têm mais graças. O respeito, sim!

Fábio Luporini

Sou jornalista formado pela  Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.

Foto: Print do vídeo

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