Por Fábio Luporini
Cada pulseira, um status diferente. Algumas dão acesso ao show. Outras, a espaços vips e exclusivos. Tem umas mais importantes ainda que permite o acesso ao camarim. Enquanto boa parte delas não dá acesso a lugar algum, mesmo estando escrito acesso livre. O que importante, muitas vezes, é ostentar no braço as diferentes pulseiras que permitem isso ou aquilo, uma maneira de diferenciar o status de quem é influencer para quem é fã dos famosos quem? E vou te dizer: há muitos caçadores de pulseiras por aí.
O ser humano parece ter uma tendência social a querer diferenciar-se um do outro. Digo social porque não é algo natural. Nós não nascemos com esse desejo, com essa vontade ou com essa missão. Ao contrário, quando nascemos, o fazemos todos iguais. Pelados e dependentes de alguém. Mas, à medida que vamos crescendo e dependendo do ambiente em que nos desenvolvemos, vamos criando maneiras de nos diferencia uns dos outros: roupas, sapatos, colégios onde estudamos, lugares que frequentamos, entre outras formas.
O que nos dá status são objetos aos quais atribuímos um valor diferente do que vale, o que chamamos de valor de troca. Esse conceito, estou importando da teoria marxista para fazer um paralelo. Se tomamos com base as pulseiras, elas são apenas um objeto para ser utilizado como acessório. Elas têm, portanto, um valor de uso. Entretanto, ao atribuir um status a esse objeto, conferimos um valor de troca: quanto vale ter uma pulseira e o que estamos dispostos a fazer para tê-la?
Muitas pessoas estão dispostas a se humilharem para conseguir uma pulseira e, quando conseguem, é a redenção. Outras, criam uma história paralela em seus próprios universos para justificarem a conquista de uma pulseira de acesso. Para a maioria, sobra carência e falta reconhecimento a ponto de precisarem de um objeto inanimado que lhes confere status para serem notados. Tem muita gente trocando valor de uso pelo valor de troca, seja nas pulseiras, nos tênis, nas roupas e, infelizmente, nas próprias pessoas.
Fábio Luporini
Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina. Me siga no Instagram – @fabio_luporini
Foto: Pulseiras no show do Coldplay no Brasili/Divulgação/Xylobands