Por Fábio Luporini
O desenvolvimento técnico e científico da humanidade nos trouxe até um lugar de crise. Em pleno século XXI, vivemos uma verdadeira crise moral e ética. Não por culpa do desenvolvimento, obviamente, mas, por consequência da secularização da vida, da banalização dos valores morais e éticos, do desinteresse e da indiferença em relação ao outro, aos sentimentos do próximo. E isso normaliza-se graças a esses avanços tecnológicos.
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Ao mesmo tempo em que nunca se falou tanto em Deus ou em divindades, o ser humano também nunca se foi tão cínico e hipócrita. Isso porque dizem-se apegados numa fé ao mesmo tempo em que se sonega imposto, deixa-se de pagar as contas, fala-se mal dos outros, ignora-se as pessoas. A transversalidade moral que se observa é tão natural a ponto de não mais chocar nem mesmo os defensores da moralidade.
Explico: entre os políticos, está na moda ser defensor da família tradicional brasileira. Vê-se discursos fervorosos contra o aborto. Normalmente, dos primeiros a defenderem a retirada de um feto quando lhes acontece uma gravidez indesejada. Ou, então, quantos homens que traem suas esposas posam de bons maridos em discursos para determinada claque. Pior ainda é ver gente criticando a distribuição de camisinha na saúde pública e não mover uma fala sequer contra a corrupção de políticos amigos.
Nesse sentido é que digo que falhamos como seres humanos éticos e morais. Isto é, conceituamos e teorizamos, mas, não colocamos em prática o que se estabelece em teoria. Aliás, estamos longe de caminharmos na prática o que delineamos conceitualmente. A dinâmica do WhatsApp, por exemplo, é uma metáfora dessa realidade. Mandamos mensagem e “exigimos” respostas imediatas. Na hora de responder, ignoramos e deixamos o interlocutor sem retorno. Não há reciprocidade moral e ética.
Assim, os pequenos gestos de cada um são muito diante da normalização antiética e imoral.
Fábio Luporini
Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.
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