O século XXI viu crescer uma preocupação exacerbada por padrões estéticos definidos como belos, bonitos ou lindos: peitoral musculoso, corpo liso, nariz pequeno, cabelos lisos e assim por diante. São inúmeros os conceitos e aspectos estabelecidos socialmente. Muitos dos quais inatingíveis à maioria das pessoas. Entretanto, mesmo assim, almeja-se um padrão que nos faz frustrar e nos inferioriza, de certa forma. O conceito de estética, todavia, não era exatamente esse ao qual nos referimos hoje em dia.
Desde a Grécia Antiga, a estética (do grego aisthetiké) dizia respeito ao que se percebia pelos sentidos, sejam eles a visão, o olfato, o paladar, o tato, entre outros. O termo, na filosofia, significava justamente a filosofia (o pensar racionalmente) acerca da beleza e da arte. Já na Idade Moderna, Immanuel Kant (1724-1804) apontava a estética como o juízo sobre a arte e o sobre o belo. Um juízo, aliás, completamente volúvel e que se transforma com o tempo. Exemplo: houve época em que a mulher gorda era sinônimo de beleza e saúde. Hoje, o padrão estético é a mulher magérrima. Mas, essas qualidades realmente definem uma mulher?
No percurso da jornada filosófica no mundo, podemos destacar o que pensa Platão sobre a ideia da arte, da beleza e da estética em contrapartida ao que pensam alguns dos filósofos empiristas, como David Hume. O pensamento platônico, que é idealista (mundo das ideias), crê que a arte é uma manifestação das ideias, reproduzindo a verdade das coisas. O foco está na aparência. E a crítica do filósofo é justamente essa, a de não revelar a essência das coisas.
Vê-se que, embora o pensamento seja distinto, o conteúdo crítico é semelhante, quando tomamos por base o pensamento de Hume. Para ele, a beleza não está no objeto, mas é algo subjetivo. O que, na realidade, contrapõe o ideal padronizado que a sociedade, muitas vezes, impõe. Seja de um ou de outro, o pré-julgamento estético está intrínseco ao ser humano, infelizmente. Porque quando percebemos que existe um universo além, nos damos conta de que o que julgamos belo ou bonito pelos padrões sociais são apenas uma parte das possibilidades humanas.
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Fábio Luporini
Sou jornalista formado pela Universidade Norte do Paraná e sociólogo formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) . Fui repórter, editor e chefe de redação no extinto Jornal de Londrina (JL), atuei como produtor na RPC (afiliada da TV Globo), fundei o também extinto Portal Duo e trabalho como assessor de imprensa e professor de Filosofia, Sociologia, História, Redação e Geopolítica, em Londrina.