Novamente a HBO acerta o alvo com precisão, produzindo mais essa trama de roteiro denso, fotografia deslumbrante, elenco de peso, profissionalismo. A nova série The Undoing, concebida por David E. Kelley (Big Little Lies – 2017-2018) conta com um explosivo elenco encabeçado por Nicole Kidman e Hugh Grant. Todos os seus seis episódios foram dirigidos linearmente pela dinamarquesa Susanne Bier, ex-integrante do grupo Dogma, sem precisar de artifícios na montagem, pois a trama viciante se segura muito bem.
A série foi inspirada no livro “You Should Have Known”, da norte americana Jean Hanff Korelitz. Na trama repleta de reviravoltas, Nicole Kidman (Big Little Lies) interpreta a psicóloga Grace Fraser, enquanto Hugh Grant incorpora o oncologista pediátrico Jonathan Fraser. Grace mantém um casamento e uma profissão felizes, dentro de um incrível ‘american way of life’. Mas, repentinamente, se vê envolvida em um assassinato e sua vida muda bruscamente, de forma pública e violenta. Jonathan, marido de Grace, aparentemente é o marido que toda mulher deseja no casamento. Mas tudo em Undoing remete a um “aparentemente”.
Ambientada na localidade mais glamurosa e rica, muito rica, de Nova York, o roteiro carrega a premissa do gato e rato, polícia da cidade contra a poderosa família Foster. Mas você não irá até o último episódio para descobrir quem é o assassino, ele é mostrado logo no começo. O que fará você voltar para a TV é a profundidade dos personagens e as reviravoltas da trama.
The Undoing tem uma espécie de eletricidade conduzida por David E. Kelley e Susanne Bier. O ideal feminino e feminista carregado pela personagem Grace é, a todo momento, construído e desconstruído. Nicole Kidman interpreta uma personagem apenas doce em sua superfície, mas complexa em suas profundezas, repleta de contradições e sutilezas, como todos nós.
Marcelo Minka
Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.
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