Por Marcelo Minka
Pouca empolgação com os lançamentos da semana, mas vamos lá.
Madame Teia, a mais recente entrada no universo cinematográfico da Sony Pictures, baseado nos quadrinhos da Marvel, prometia ser um espetáculo visual e narrativo. Infelizmente, o filme se entrega a uma teia de problemas que o impedem de alcançar seu potencial.
A trama apresenta pouquíssimos pontos positivos, como os visuais interessantes e os efeitos especiais que capturam a natureza etérea e mística da personagem. Já nos pontos negativos, nota 10. O roteiro, inconsistente, sofre de ritmo irregular, alternando entre momentos de ação frenética e diálogos longos e vazios.
A narrativa se torna confusa em alguns pontos, com subtramas mal desenvolvidas e resoluções apressadas. Dakota Johnson continua inexpressiva, com a mesma cara insossa do tipo “o que estou fazendo aqui” desde Cinquenta Tons de Cinza (2015). O antagonista do filme, interpretado por Adam Scott, é um personagem unidimensional e sem carisma. Suas motivações são clichês e suas ações previsíveis, tornando-o um obstáculo pouco convincente para os heróis.

O filme pode ser recomendado para fãs casuais dos quadrinhos da Marvel que buscam algum entretenimento meramente visual. No entanto, aqueles que esperam uma história mais profunda e personagens com alguma profundidade provavelmente ficarão desapontados.
Ferrari também está nos lançamentos
Outro lançamento morno é o filme Ferrari, dirigido por Michael Mann e estrelado por Adam Driver. A trama mergulha na vida do lendário Enzo Ferrari, fundador da icônica marca de carros. A promessa era de uma cinebiografia épica, explorando a ambição, o talento e a obsessão que impulsionaram o homem e a marca. No entanto, o resultado final é uma experiência frenética, mas desconectada, que falha em capturar a complexa persona de Ferrari e a fascinante história da empresa.
Sim, Michael Mann faz uma ótima direção, imprimindo sua assinatura visual inconfundível, com sequências de corrida eletrizantes e uma atmosfera imersiva. A edição ágil e a trilha sonora pulsante contribuem para a sensação de velocidade e adrenalina. Adam Driver, além de mostrar toda a gostosura, entrega uma performance visceral e multifacetada, capturando a genialidade, a arrogância e a fragilidade de Enzo Ferrari. Sua entrega intensa e carismática é o ponto alto do filme. O design de produção e o figurino recriam a Itália dos anos 50 e 60 com detalhes impressionantes, transportando o público para a época em que a Ferrari se tornou um símbolo de luxo e performance.
Porém, a narrativa se desenvolve de forma abrupta, alternando entre diferentes períodos da vida de Ferrari sem uma progressão clara. Essa falta de coesão torna difícil acompanhar a história e compreender as motivações dos personagens, deixando o espectador com a mesma cara da Dakota Johnson em Cinquenta Tons de Cinza.
Além de Enzo Ferrari, os demais personagens são pouco explorados, funcionando apenas como satélites em sua órbita. As relações pessoais e profissionais são superficiais, impedindo o público de se conectar emocionalmente com a história. O filme dedica grande parte de seu tempo às sequências de corrida, em detrimento do desenvolvimento dos personagens e da trama principal. Apesar da empolgação visual, essa repetição pode cansar o público que busca uma narrativa mais profunda. Vá ao cinema se você for muito, mas muito mesmo, fã de corridas.

Marcelo Minka
Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas. Me siga no Instagram: @marcelo_minka e @m_minka_jewelry
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Foto: Divulgação
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