Por Marcelo Minka
Estreou esta semana nos cinemas da cidade o aguardado Duna, segunda adaptação cinematográfica do clássico literário de Frank Herbert, de 1965, livro de ficção científica mais vendido no mundo até hoje. A primeira adaptação é de 1984, dirigida por David Lynch.
Esta nova adaptação ficou por conta de um dos grandes diretores da atualidade, Denis Villeneuve (A Chegada – 2016), que dirigiu e co-roteirizou o filme todo. Villeneuve é um diretor que não tem meias palavras em seus projetos, mesmo após o injusto fracasso de bilheteria que foi Blade Runner 2049, filme que o diretor dirigiu em 2017. Ele aposta alto em Duna, uma obra bem longa e hermética que muito pouca gente leu. Considere também que o primeiro Duna foi um retumbante fracasso, e as expectativas no inovador e arrojado Villeneuve são altíssimas.
Se você tiver uma sensação de déjà vu enquanto assiste o filme, não pense que ele se inspirou em filmes de Star Wars, ao contrário, Star Wars não existiria sem o livro de Frank Herbert. O roteiro acompanha a saga do personagem Paul Atreides, interpretado por Timothée Chalamet. Na trama grandiosa que se passa em 10.191 d.C., onde os planetas são comandados por castas dentro de um império feudal, um duque se torna o novo responsável pelo planeta Duna, local onde todo o universo se abastece de uma especiaria caríssima denominada melange. A partir deste ponto, inveja, cobiça, dinheiro e fúria tomam conta de outras castas, criando um jogo político perigoso.
Além de Timothée Chalamet (Call Me by Your Name – 2017), o filme apresenta um elenco estelar: Rebecca Ferguson (Missão Impossível – 2018), Oscar Isaac (Cenas de um Casamento – 2021), Josh Brolin (Deadpool 2 – 2018), Stellan Skarsgard (Chernobyl – 2019), Zendaya (Euphoria – 2019) entre outros.
Apesar das suas duas horas e meia, o filme não nos cansa, em parte pelo elenco expressivo que aproveita casa minuto em cena, em parte pelo primor técnico que, novamente, o diretor consegue. A direção de arte de Tom Brown, os figurinos de Bob Morgan e toda a cenografia e sonoplastia nos fazem sentir como se realmente estivéssemos ali, imersos, participando, sentimos uma memória histórica, ancestral.
Apenas um porém, mas justificável, que podemos ter sobre o filme. Quando começamos a ler um livro com muitos personagens, temos a sensação de estarmos perdidos, parece que a coisa toda não vai para lugar algum. É esta a sensação que temos com relação ao filme. A saga Duna é gigantesca e este filme é apenas a primeira parte. Resta torcer para o sucesso de bilheteria para que as filmagens continuem.
Aqui fica uma dica; para quem não viu Incêndios, filme dirigido por Villeneuve em 2011, imperdível.
Marcelo Minka
Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.
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