Por Marcelo Minka
Na coluna de hoje, vamos falar de duas estreias – uma nacional e uma internacional – que merecem uma ida ao cinema
Marighella

Baseado no romance “Marighella: O Guerrilheiro que incendiou o mundo”, de Mário Magalhães, o filme é dirigido por Wagner Moura em seu primeiro trabalho como diretor e roteirizado por Felipe Braga (Sintonia – desde 2019).
O filme estreou no Festival Internacional de Berlim em 2019 e só agora, 2 anos depois, finalmente chega às telas. A trama mostra os últimos anos de vida do jornalista, deputado e líder revolucionário baiano em sua luta contra a ditadura militar que assolou o país. E todo esse atraso, da produção ao lançamento, foi causado justamente por se tratar da biografia de um líder comunista. No momento medievo em que o país vive, onde pessoas deixam de consumir marca de maionese por conter a palavra ‘hell’, não poderíamos esperar outra coisa. O filme sofreu campanhas de cancelamento por grupos da extrema direita e por censura através de meios burocráticos, especialmente a Ancine (Agência Nacional do Cinema).
O músico e ator Seu Jorge interpreta brilhantemente Carlos Marighella, num timing perfeito com Moura e toda a ótima equipe técnica. Também no elenco; Adriana Esteves, Bruno Gagliasso e Rafael Lozano. Drama histórico muito bem produzido e perfeito para levantar debates nesses momentos trevosos.
Eternos
O novo e aguardado filme de super-heróis da Marvel chega aos cinemas com uma enxurrada de críticas negativas; chato, lento, brega, e por aí vai… Na cronologia do Universo Marvel, a trama se desenrola após os acontecimentos de ‘Vingadores: Ultimato’, apresentando novos heróis, seres imortais denominados Eternos que protegem nosso planeta a milhares de anos.
O filme conta com um elenco estelar: Gemma Chan, Kit Harrington, Salma Hayek, Angelina Jolie, entre outros, em ótimas atuações. Dirigido por Chloé Zhao, ganhadora do Oscar de melhor direção por Nomadland, em 2020, a diretora está carregando nas costas o peso da crítica, justamente por não ter experiência em dirigir filmes de ação. Zhao é considerada a diretora mais ‘indie’ do momento, tem estilo documental, usa e abusa de visuais contemplativos e narrativas silenciosas e adora usar ‘não-atores’ em suas produções.
Não podemos nos esquecer que a Marvel sabe fazer filmes de ação, é ousada e corajosa em suas escolhas e gosta de fazer produções quase autorais. Portanto, a escolha da estética de Zhao talvez tenha sido perfeita. Eternos é um recomeço, uma nova fase, é preciso tirar o pé do acelerador para que possamos nos familiarizar com os novos personagens. Assista e tire suas conclusões.
Marcelo Minka

Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.
Foto: Eternos/Divulgação