Por Marcelo Minka
Sendo curto, direto e grosso, o novo filme da Marvel decepcionou. Talvez por essa carga pós-moderna que carregamos, esperando e exigindo sempre mais e mais, talvez porque o filme seja fraquinho mesmo. Dito isto, sem dúvidas foi um prazer ter assistido, mas, sinceramente, ali tinha material pra muito mais.
Dirigido por Sam Raimi (vários Homem-Aranha e Evil Dead), o filme é sim sanguinolento, mas um sangue infantilóide, tipo ketchup aguado, com algumas pitadas de cara feia com boa maquiagem. O roteiro ficou por conta de Michael Waldron (Loki e a série Heels), que faz sua parte muito bem. A trama poderia cair facilmente em algo acadêmico (está na moda) ou em algo “quântico” (também na moda), mas o roteiro ficou simples e direto, fácil de se assimilar no meio de tanto caos visual, evitando o blá blá blá desnecessário sobre um multiverso.
Protagonizado por Benedict Cumberbatch (Ataque dos Cães) e Elizabeth Olsen (OldBoy), os dois atores seguram todas as cenas de maneira carismática, do primeiro ao último frame. Aliás, é de se admirar o poder camaleônico de Cumberbatch, que vai de vilão em Ataque dos Cães, filme pelo qual concorreu ao Oscar deste ano por melhor ator, à super-herói, sem deixar a peteca cair. Outro ponto alto do filme, e aí Raimi conhece bem, é utilizar a câmera como se fosse um ator interpretando, dá piruetas, voa, bate na parede e volta, agarra, mata, etc.
Nos pontos fracos temos muitos fatores, a começar pela trilha sonora chatíssima de ruídos de filme de terror à la anos oitenta, piadinhas meio sem graça que faz apenas os cantos da boca levantarem, e a parafernália visual toda, com vários universos aparecendo e sumindo a todo instante, um caos quase descontrolado. Nunca fui fã do Surrealismo.
De qualquer maneira, um filme imperdível para os fãs que acompanham as produções da Marvel. Em exibição nos cinemas da cidade.
Foto: Divulgaçã
Marcelo Minka
Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.
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