A falta de imaginação do cinema hollywoodiano

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Por Marcelo Minka

Nada de novo no front, cinemas exibindo filmes já comentados na coluna, com algumas estreias irrelevantes. Então, neste sábado com sol preguiçoso, vamos pensar um pouco sobre o cinema, mais especificamente, o hollywoodiano. Primeiro, por ser este que domina as salas de exibição praticamente do mundo todo. Segundo, porque, direta ou indiretamente, ele dita tendências.

Olhando da perspectiva que abrange uma década, o cinema hollywoodiano foi marcado por uma falta de originalidade e uma excessiva dependência em fórmulas já estabelecidas. Os grandes estúdios têm apostado em remakes, sequências sem fim e adaptações de franquias de sucesso, deixando pouco espaço para a criatividade e a experimentação.

Tudo indica que isto é causado por vários fatores, um deles é a pressão dos estúdios para produzir filmes que garantam lucros no mercado internacional. Isso leva a uma maior dependência em franquias estabelecidas, já que essas têm uma base de fãs global e uma maior probabilidade de sucesso comercial.

Outro fator é a evolução da tecnologia e o impacto do streaming. A proliferação dessas plataformas criou uma competição acirrada pelos direitos de exibição de filmes e programas de TV. Os grandes estúdios agora estão mais focados em criar conteúdo que possa ser vendido para essas plataformas, o que muitas vezes significa, novamente, apostar em fórmulas já estabelecidas e em histórias que têm um apelo global, criar mais do mesmo.

Raríssimas exceções, como o estúdio A24, que aposta em inovação e em criatividade, vem ganhando espaço no insosso meio. Tanto espaço que este ano conquistou vários Oscar com o filme Tudo ao Mesmo Tempo em Todo Lugar, inclusive de filme e de direção. Sim, ainda há cineastas independentes e produções de baixo orçamento que vêm ganhando destaque nos últimos anos, explorando temas e histórias que são geralmente ignorados pelos grandes estúdios, trazendo novas perspectivas e vozes para o cinema.

Voltando as lentes para o insosso, um exemplo disso é o boom dos filmes de super-heróis, que inundaram, e continuam inundando as telas de cinema nos últimos anos. Embora alguns desses filmes sejam bem-sucedidos e tenham sido bem recebidos pelo público, muitos outros parecem ser produzidos apenas para aproveitar a popularidade do gênero e gerar mais montanhas de dinheiro em cima de personagens já estabelecidos. Poucos fugindo das regras e utilizando a ousadia e imaginação como fator preponderante.

Os grandes estúdios e seus investidores octogenários têm medo de arriscar em novas ideias e preferem investir em projetos que já foram testados e comprovados como bem-sucedidos. O resultado são filmes parecendo ser cópias uns dos outros, ou sendo cópias mesmo, sem constrangimentos. Pelo amor de Deus, ninguém aguenta mais ver homem ou mulher de capinha colorida voando.

Outro problema, não consigo encontrar outro substantivo, do cinema hollywoodiano na última década é a falta de diversidade e representatividade. Aconteceram alguns avanços nesse sentido, mas ainda há muito trabalho a ser feito para incluir mais vozes e histórias de minorias étnicas, LGBT+ e mulheres.

Em resumo, vá à ExpoLondrina ou fique em casa. Não há nada de novo no front e o cinema hollywoodiano da última década está marcado com o estigma da falta de originalidade, diversidade e criatividade.

Embora ainda haja filmes interessantes e bem-sucedidos sendo produzidos, a indústria precisa encontrar um equilíbrio entre a exploração de fórmulas já estabelecidas e a busca por novas ideias e perspectivas. Vou ficar por aqui, na expectativa, para a estreia do novo filme do incrível Ari Aster, “Beau Tem Medo”, torcendo para que estreie nos cinemas da cidade. Que venham mais A24.

Marcelo Minka

Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas. Me siga no Instagram: @marcelo_minka e @m_minka_jewelry

Foto: Beau Tem Medo/Divulgação

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