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A Cor Púrpura (2024): racismo, sexismo e violência num musical longo

Por Marcelo Minka

Quase 40 anos após o clássico de Steven Spielberg, A Cor Púrpura (1985) retorna às telas em uma nova roupagem musical. O filme é dirigido por Blitz Bazawule (Black is King – 2020) e estrelado por Fantasia Barrino (cantora americana de R&B que se tornou conhecida por ter vencido a terceira temporada do programa de televisão American Idol), Danielle Brooks (Orange is the New Black – 2013 a 2019) e Colman Domingo (A Lenda de Candyman – 2021).

O roteiro recria a história de Celie, uma jovem negra que enfrenta o racismo, o sexismo e a opressão no sul dos Estados Unidos no início do século XX.

Apesar de não gostar de musicais, tenho que admitir que o elenco todo é poderoso. Fantasia Barrino entrega uma performance visceral e emocionante como Celie (interpretada por Whoopi Goldberg em 1985), capturando sua força interior e resiliência. Danielle Brooks também brilha como Sophia (Oprah Winfrey em 1985), a amante do marido de Celie, com uma interpretação complexa e cheia de nuances. Colman Domingo é convincente, transmitindo a vileza e a hipocrisia do seu personagem.

A Cor Púrpura: trilha sonora é um dos pontos fortes

As músicas, como no primeiro filme, continuam vibrantes. As canções originais do musical da Broadway, compostas por Brenda Russell e Allee Willis, são integradas à narrativa de forma natural e poderosa, elevando as emoções e impulsionando a história. A trilha sonora é um dos pontos fortes do filme, com destaque para a performance de Barrino em “I’m Here”.

Temos que considerar também que o diretor Bazawule traz uma perspectiva afro-americana mais autêntica para a história, explorando com mais profundidade as questões de raça, gênero e identidade, e este é o ponto mais forte da produção. O diretor também utiliza elementos visuais marcantes e uma estética afro futurista que contribuem para a identidade única do filme.

O drama A Cor Púrpura, que já foi sucesso sob as mãos de Steven Spielberg, volta às telas em formato de musical. Longo (2h40) e com um ritmo meio lento no início, o filme pode ser um desafio
Warner Bross/Divulgação

O que pode desagradar o espectador um pouco, mas não tira a energia do filme, é que em alguns momentos o ritmo pode parecer lento, irregular, principalmente na primeira metade. E sua longa duração (2 horas e 40 minutos) pode ser um desafio para alguns espectadores. Cuidado com os líquidos.

Outro ponto que me incomodou é que o filme tende a se apoiar em momentos melodramáticos e piegas, o que também pode soar artificial para alguns espectadores.

E por fim, é inevitável comparar a nova versão com o filme de Spielberg, que se tornou um clássico. Apesar de suas qualidades, a versão de 2024 não consegue superar o impacto e a força emocional do original.

O filme pode agradar quem aprecia dramas históricos, musicais e histórias inspiradoras sobre superação. Mas tenha em mente que a trama aborda temas pesados como abuso, violência e racismo, o que pode ser sensível para alguns espectadores.

Bom Carnaval.

Marcelo Minka

Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas. Me siga no Instagram: @marcelo_minka e @m_minka_jewelry

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Fotos: Divulgação

(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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