Por Marcelo Minka
Continuam em cartaz nos cinemas da cidade os blockbusters Avatar 2 e Homem-formiga 2, com apenas uma estreia relevante, bem relevante, o filme A Baleia, em cartaz no Cineflix do Aurora Shopping.
Temos que levar em conta dois fatores importantíssimos neste filme. O primeiro é seu diretor, o controverso Darren Aronofsky, mais conhecido por suas direções em Réquiem para um Sonho – 2001, Cisne Negro – 2011 e Mãe – 2017, todos filmes premiadíssimos. Aronofsky é um dos diretores mais inovadores e interessantes da atualidade cinematográfica, afastado dos moldes hollywoodianos, com um estilo único que é facilmente reconhecido em seus filmes: narrativas psicológicas e visuais intensas, que podem ser sombrias e perturbadoras, mas também fascinantes e profundas, apresentadas em imagens simbólicas onde se expõem questões caras para nós seres humaninhos, tais como religião, sexo, política.
Outra característica ímpar do estilo de Aronofsky é a maneira como ele trabalha com os atores para extrair performances emocionais intensas. As atuações tornam-se complexas e carregam uma grande carga emocional, e os atores que trabalham com ele são muitas vezes desafiados a ir além de seus limites para dar vida a esses personagens. E é aí que entra o outro fator importante neste filme, o ator Brendan Fraser, conhecidíssimo pela trilogia A Múmia (1999, 2001, 2008) e George, O Rei da Floresta (1997). Fraser também já protagonizou filmes mais intensos onde recebeu prêmios e elogios da crítica: Crash – No Limite (2005) e Deuses e Monstros (1999).
A carreira de Fraser sofreu um imenso hiato nos anos 2010 devido a uma série de fatores. O costume que o ator tinha em dispensar dublês e fazer praticamente todas as cenas de ação teve seu preço; Fraser precisou fazer cirurgias nos joelhos, costas e cordas vocais durante um desgastante período de sete anos. No meio de tudo isso, ele se divorciou de Afton Smith, com quem teve três filhos, e viu todo o caso ser explorado excessivamente pela mídia, o que o levou à depressão, somado à morte traumática de sua mãe, vítima de câncer.
Eis que Fraser ressurge das cinzas pelas mãos de Aronofsky, em uma atuação inesquecível. Aliás, o ator está concorrendo ao Oscar por esta interpretação. Fraser incorpora um homem gay com mais de 250 kg, tentando superar um luto e recuperar o relacionamento com sua filha. E para evitar spoilers, o texto vai parando por aqui.
Sim, como nos demais filmes de Aronofsky, este também é intenso, provocante e extremamente incômodo. Nota 10.
Marcelo Minka
Graduado em licenciatura em Artes Visuais, especialista em Mídias Interativas e mestre em Comunicação com concentração em Comunicação Visual. Atua como docente em disciplinas de Artes Visuais, Semiótica Visual, Antropologia Visual e Estética Visual. Cinéfilo nas horas vagas.
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