Zelda nasceu Zelda Sayre, em 24 de junho de 1900, em Montgomery no Alabama, EUA. Era de família de classe alta e descendente de políticos proeminentes. Seu pai era juiz, extremamente severo. Já com a mãe, Zelda era protegida. Ela foi romancista, contista, dançarina, pintora e socialite americana. Ela quebrava todos os padrões do que seria uma “moça sulista respeitável”: não era submissa, dócil e nem delicada!
Zelda era anos à frente do seu tempo… Mesmo assim, apesar de sua personalidade marcante e envolvente, em 1918 ela e Scott Fitzgerald se apaixonaram, inclusive ele usou trechos do diário pessoal de Zelda para seu primeiro romance “This side of paradise”. Sua família não aprovava o romance, pois Scott bebia demasiado e, juntos, eram explosivos, amavam festas e seu relacionamento era recheado de brigas, dramas e excentricidades. Mesmo assim casaram- se em 3 de abril de 1920. Tiveram uma filha em 26 de outubro de 1921, Frances “Scottie” Fitzgerald. Conta-se que Zelda teve mais uma gravidez, mas nunca foi explicado se ela sofreu ou fez um aborto.
Elza e Scott representavam para a sociedade da época símbolos da “era do jazz”, ricos, jovens e bonitos! Scott teve muito sucesso com “This is paradise” e Elza sempre foi além de musa inspiradora. Scott usava frases e trechos de cartas e contos que Elza escrevia. Em busca de seu lado artístico e profissional, Elza, que já havia feito balé, começou a treinar exaustivamente, seu marido a desestimulou logo de cara. A mesma coisa com sua pintura, E não só o marido! Nas décadas de 50 e 60 , suas pinturas ficaram escondidas nos porões de sua família e muitas foram destruídas pela sua mãe, que não gostava do que Zelda pintava.
Depois de anos de um casamento conturbado e cercado de infidelidades, osFitzgerald resolveram ir para Paris. Lá Zelda apaixonou-se por Edoard Jozan, e pediu o divórcio para Scott. Esse a prendeu em casa até ela desistir da separação, Zelda nunca mais viu Jozan. Nessa época, entre uma viagem que fizeram a Roma e Capri, ela começou a pintar incessantemente. Scott, que era amigo de Hemingway, apresentou esse a Zelda. Foi antipatia mútua à primeira vista. Ernest a culpava por Scott estar declinando criativamente e criticava Elza o tempo todo. Elza não suportava Ernest , chegando a acusar os dois de homossexualismo, mas isso nunca foi provado.
Em 1930, depois de uma série de situações desconcertantes, Elza foi diagnosticada com esquizofrenia, ficando em vários hospitais psiquiátricos. Em 1937 , ainda tentaram reatar o casamento com uma viagem para Cuba, mas, com o fracasso da viagem, Scott retorna para sua amante Sheilah Graham, e os dois nunca mais se veem. Em 1940, Scott morreu e Zelda não compareceu no enterro. Scott sempre teve sérios problemas com álcool e isso acabou com ele. Em 1948, presa em uma sala com mais nove pacientes e esperando a sessão de eletrochoques, a clínica em Asheville, EUA pega fogo, Elza e as outras pacientes morrem queimadas.
A historia dessa artista foge um pouco das que trouxe ate agora, muitas superaram vários obstáculos e seus nomes ficaram marcados na história das artes. Infelizmente Elza foi um dos casos que ainda acontecem nos dias de hoje! Ela foi massacrada como artista pelo marido alcoólico e controlador. Scott, depois da separação disse coisas terríveis sobre Elza, inclusive a culpou de plágio, quando existem provas que foi bem o contrário. Scott também ficou conhecido pelo romance “O grande Gatsby” e, sinceramente nada teria acontecido sem a presença de Elza na sua vida. Infelizmente para ela, ele foi incapaz de dar para ela o mesmo apoio, sendo um dos primeiros críticos ácidos de todo seu trabalho.
Por isso, Elza tornou-se símbolo do feminismo nos anos 70 e, hoje em dia, biografas pesquisam e escrevem sobre suas obras, tentando resgatar historicamente o trabalho de uma vida. Da riqueza e fama à pobreza e morte, Elza merece que sua vida e seu trabalho sejam sim registrados na história da arte, como uma das artistas completas, que podia trafegar pela escrita, dança, pintura.
Existem muitas “Elzas” na história da arte, mulheres subjugadas pelos seus pais ou maridos controladores, colocadas em hospícios, mal interpretadas, chamadas de nomes difamatórios por puro preconceito e machismo! Está na hora de reescrevermos essas histórias!
Carpe diem! Pax vobiscum!
Angela Diana
Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos.