Por Angela Diana
Nascida em Teerã, em abril de 1988, Shamsia é a primeira mulher grafiteira do Afeganistão (sua família migrou para o Afeganistão de Kandahar, durante a guerra). A arte (como sempre acontece) a acompanha desde criança, mas ela não pode estudar desde cedo, pois pessoas vindas de Teerã não podiam estudar no Afeganistão. Shamsia então partiu para Kabul, em 2005, estudando a arte tradicional na Universidade de Kabul e escultura. Mais tarde tornou-se professora encarregada dessa matéria na mesma Universidade que lhe abriu o caminho.
O grafite entrou na sua vida, quando o artista britânico Chu deu um curso pelo Combat Comunications. Para Shamsia foi a técnica certa para criar sua obra, pois o material é mais barato que os das artes tradicionais. Ela também é fundadora do coletivo de artes ROSHT. Sua obra, como ela mesmo diz, não é islâmica! Ela combate a repressão que as mulheres vivem naquela sociedade hiper machista em que vive…

Em 2014 foi finalista do prêmio ARTRAKER com o projeto “Magia da arte é a magia da vida”. Outra obra importante foi feita um ano antes na Suíça. Ela realizou um mural na União Europeia, que mantem um abrigo para mulheres emigrantes da guerra que sofreram violência. Na Suíça, o dia 14 de junho marca “a greve das mulheres” ocorrida em 1991. No dia 21de agosto deste ano, a revista Vogue fez uma matéria com ela e com a cineasta Sahraa Karimi, as duas denunciaram nas redes sociais a violência da tomada do Talibã no país e os horrores que as mulheres, muito provavelmente vão passar!
Não importa em que lado do mundo as pessoas estejam, nós, mulheres e artistas, precisamos apoiar de todas as formas as lutas dessas mulheres como Shamsia, para combater o machismo e todo e qualquer tipo de violência e preconceito. É muito estarrecedor pensar que uma artista não possa estudar e trabalhar, ou por ser mulher ou por ser artista! E ela é a prova de como a arte é importante para o mundo. Conheça mais o trabalho dela no Instagram ou pelo site.

No caso, ela tenta amenizar nos muros da cidade, as marcas de uma violência extrema que é a guerra. Nós, brasileiros não sabemos o que é isso , apesar de toda desigualdade e machismo que as mulheres vivem aqui também. Nossa maior guerra é contra a corrupção e pessoas que tem políticos de estimação. Passa-se fome num país rico como o nosso! E artistas como ela deveriam servir para nos ensinar a tomar vergonha na cara e começarmos a realmente lutar para que nosso país se liberte dos roedores que acabam com a gente: o tal “jeitinho brasileiro” e a corrupção! Sejamos mais como Shamsia! Lutando para acabar com a desigualdade! E pelas mulheres.
Pax vobiscum
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Angela Diana

Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos.