Por Angela Diana
Rosana Paulino nasceu em São Paulo em 1967, é artista visual, educadora e curadora. Rosana tem doutorado pela Universidade de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo e é especialista em gravura pela London Print Studio. Ela é considerada uma das artistas mais importantes da “geração noventa”!
Vocês sabem que tento, na medida do possível, não usar tantos termos técnicos na coluna…O objetivo principal é que todos os leitores possam “entrar” no mundo das artes e, quem sabe até, descobrir o artista e a obra que mais toca seu coração! São muitos, mas pouquíssimas mulheres e mais raro ainda, infelizmente as mulheres negras.
Nas suas obras, Rosana questiona temas sociais, étnicos e de gênero. E principalmente das mulheres negras. Ela mescla técnicas, por exemplo, escultura com objetos, escultura com gravura e fotografia, desenho com fotografia, bordados , pinturas com instalações… Em 2018, ela foi a primeira artista negra a fazer uma individual na Pinacoteca do Estado de São Paulo! Sim! Só em 2018! E foi com a exposição itinerante “A costura da memória”, que depois foi para o Museu de Arte do Rio de Janeiro.
Ela resgata as memórias físicas e psíquicas (como quando era criança e tinha que brincar com bonecas brancas, pois não haviam bonecas negras!). Ela trabalha também com a questão da amnésia gerada pela mídia, em relação a uma das mais vergonhosas ações dos ditos “seres humanos”: a escravidão!
Quando me deparei com seu magnifico trabalho, pensei em todas as minhas tataravós e tataravôs, que vieram para esse país em porões de navios e eram tratados piores que quaisquer animais… Dos lados das famílias italianas, sabemos de onde vieram. Do lado africano, não temos quase nenhuma referência… E isso é lamentável! Para dizer o mínimo!
Rosana ganhou prêmios importantíssimos como da Fundação Rockfeller, nos EUA, em 2014; CAPES de 2008 a 2011, Fundação Ford 2006 -2008. Tem também obras em acervos como do MAM em São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo entre tantos outros e de outros países como o México.
Como sempre, por ser uma artista contemporânea, não é fácil encontrar muitas referências sobre sua vida pessoal. Mas, creio que a importância da obra do artista sempre transcende sua vida pessoal… A obra “fala” e mostra o que temos que VER!
Como um todo, as obras das mulheres ainda são minorias em acervos particulares e públicos importantes! Acredito que devemos batalhar para que todas as artistas mulheres tenham seu merecido espaço, e mais ainda quando se trata dessa amnesia generalizada da sociedade que ainda marginaliza grandemente as mulheres negras. Conheçam mais da obra dessa grande artista!
Pax vobiscum, viva a vacina!! Ah!! E colaborem para que esse jornal, feito por duas mulheres poderosas,continue livre e diferente! Acessem o Catarse e contribua. Que a arte viva para sempre…
Angela Diana
Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos.
Foto: Site Rosana Paulino