Lygia Clark nasceu Lygia Pimentel Lins em 23 de outubro de 1920, em Belo Horizonte, Minas Gerais. O sobrenome “Clark” veio de seu companheiro Aluísio Clark Ribeiro, de quem teve três filhos: Álvaro, Eduardo e Elizabeth.(Nunca se casaram oficialmente).
Pintora, escultora e professora universitária, em determinada época chegou a denominar-se “não artista”. Isso porque era intimamente ligada com a psicanálise e o estudo profundo da psique humana e acreditava que a obra de arte deveria interagir com o espectador de tal forma, que um seria a extensão do outro…
Fez parte do movimento antropofágico e do concretismo (movimentos esses que voltarei a falar em outras colunas, para vocês poderem entender direitinho o que foi cada um!). Em 1947, ela estudou com nada menos que Burle Marx, “O” maior paisagista do país, e com Zélia Salgado, artista plástica, também importantíssima para a cena cultural brasileira.
Nos anos 50, partiu para Paris e lá estudou com Szènes, Dobrinsky e Léger, artistas da vanguarda europeia e fez sua primeiríssima individual no Instituto Endoplastique de Paris. Na minha opinião, um dos melhores lugares do mundo para se começar na vida artística pois absolutamente tudo de vanguarda das artes como um todo aconteciam em Paris naquela época! Ou “tudo acontecia em Paris”, como diziam na época.
Em 1952, voltou para o Rio de Janeiro e expos no Ministério da Cultura e Educação. Lygia foi uma das fundadoras do grupo Frente (grupo que reuniu várias personalidades do movimento artístico da época). Participou da Bienal de Veneza de 54 e teve uma sala especial como artista convidada na edição de 1968!
Seu objetivo também com as obras de instalações e body art era a de superar os suportes tradicionais (telas, por exemplo) e a chegar a não representação (para explicar melhor: body art é quando o suporte é o corpo humano, instalações é quando a obra toda toma o ambiente, você “entra” no trabalho ou interage com ele).
Um dos melhores exemplos de uma obra de Lygia, que levava o espectador a interagir é a série “Bichos”… Esculturas recortadas geometricamente em chapas de metal com dobradiças, ou seja: você pode mexer na obra e ela muda de formatação! Tive o prazer de conhecer algumas dessas obras da serie “Bichos” , em uma expô especial em São Paulo , há alguns vários anos e são fantásticos!
Experiências sensoriais, exploração profunda da psique humana, tocar, cheirar, apertar, sentir e interagir fazem com que a obra de Lygia seja sempre atual e envolvente! Ela diminuiu seu ritmo de trabalho nos anos 80, vindo a falecer de ataque cardíaco em 25 de abril de 1988.
Vale dizer que ela também, teve suas obras valorizadíssimas em leilões no Rio de Janeiro e Nova Iorque! E muito dos aspectos da sua obra serem sensoriais ou interagir com o público também vem do fato dela ter dado aula por vários anos no Instituto dos Cegos no Rio de Janeiro.
Outra artista importantíssima para a arte mundial que nasceu aqui e que podemos ver ao vivo e a cores suas varias obras!
Cuidem-se e boa semana!
Angela Diana
Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos.
Foto: Série Bichos/Reprodução da Internet