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O ipê floresce em agosto

Por Ângela Diana

Ontem, voltando da Prefeitura, dou de encontro com um ipê florido…Todo londrinense raiz sabe que aqui, na cidade, eles eram e ainda são em alguns lugares um espetáculo à parte no meio do cimento urbano.

Lembrei de um clássico “O ipê floresce em agosto”, da Lucília Junqueira de Almeida Prado.

Como minha tia Maria Helena é bibliotecária, desde que me conheço por gente, ela sempre me dava livros de presente.

Esse faz parte da série “Paradidática Globo”. É! Leitores raízes entenderão!

Voltando para casa a pé, com a imagem do ipê, veio uma vontade de rever os poucos desenhos que consegui guardar ..

Estes poucos são antes de começar os cursos de artes e da vida realmente dar na minha cara (ops! Minto, a vida sempre sentou comigo na mesa, tomando café e rindo da minha cara, tanto para coisas boas, quanto para as decepções).

Nos desenhos, percebo que quase tudo o que faço hoje já estava lá! Naquele mundo, aonde os artistas criam e que quem é leigo tem medo de acessar.

Nesse “mundo”, não importa a opinião dos outros e cada coisa tem uma lógica.

Muitos não querem e não gostam de acessá-lo, porque ali não se vive das aparências e das mentiras que contamos a nós mesmos durante nossa vida.

A perspicácia aumenta, a autocrítica aumenta e o cérebro e coração fica faminto de alimento.

Se eu pudesse descrever esse “mundo”, usaria as três palavras de uma música do The Killers (que, aliás, a Ana Paula colocou no dia do meu casamento com o Rogério) “Time, true, hearts”

O livro da Lucília é uma história para adolescentes e a poesia do começo descreve bem essa fase.

Não sei se isso ainda descreve as gerações de hoje, já que a pretensão da sociedade hipócrita pressiona meninas e meninas para crescerem rápido e serem objetos de manipulação.

Me toquei que não lembro mais da história do livro “O ipê floresce em agosto”, assim como muitos que tenho aqui e que li e reli… Hoje, começo a reler ele.

A arte tem suas fases e nessa que fazia esse tipo de desenho, de mulheres “antigas”, vestidos longos e coroas, era influenciada por contos de fadas e filmes do Fred Astaire, com as danças e a magia.

Tinha o entusiasmo e ingenuidade que todo e toda artista jovem tem… Energia, vontade de crescer rápido para ser independente.

A fase “adolescente” do artista.

O ipê florido, que vi na minha caminhada, me lembrou de um livro da infância e dos desenhos da adolescência.

Mas, na medida e quantidade que a vida toma café de manhã com a gente e o tumulto desse mundo comeca a gritar nos ouvidos, maturidade e até um olhar cínico sobre os outros e total indiferença sobre suas opiniões, tomam o lugar do entusiasmo e da ingenuidade.

Existem momentos que isso faz falta.

Não é enxergar o mundo “real” como ele é, mas começar a ver o ser humano por espelhos quebrados, suas partes que nunca vamos conhecer, pois o ser humano é complexo e estranho.

De “real” nada existe, já que cada um vê o que quer, acredita no que quer e age como lhe convém.

Não podia deixar de trazer um pouco de poesia nesse lindo dia de agosto…

Pax vobiscum 

Ângela Diana

Com certo atraso - mas com uma boa justificativa - eu comento sobre as lindas cerimônias de abertura e encerramento das Olimpíadas de Paris, onde a arte esteve presente em todos os momentos

Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos. Instagram angela_dianarte

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Fotos: Acervo pessoal

(*) O conteúdo das colunas não reflete, necessariamente, a opinião do O LONDRINENSE.

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