MULHERES

MARIA CALLAS

Por Ângela Diana

E passamos pelo “Dia Internacional das Mulheres”…. Eu não sei se dou risada ou choro! Muitas vezes, aqui na coluna, falei de histórias de algumas mulheres artistas que sofreram demais, quase sendo “tragadas” para um abismo pelos companheiros, como Frida Kahlo e Maria Callas. Sei que sempre falo das artes plásticas especificamente, mas a coluna existe também como uma forma de rebeldia e protesto, já que sou mulher, artista e já senti na pele a discriminação e preconceito pelas duas situações. E isso porque loira, de olhos azuis (apesar do meu avô ser mulato e meu biso, negro, e que venho de uma família metade de italianos e metade africanos! E que sou umbandista) e cis. Se eu fosse preta ou trans seria muito, mas muito pior!

E falando de Maria Callas (não vou dar a biografia dela hoje, existem várias no Google, é só pesquisar), uma das maiores vozes da ópera mundial, uma verdadeira “diva”, que teve a infelicidade de encontrar (como diz minha mãe) um “sapo horroroso”, Onassis! A maior paixão de Callas e seu maior destruidor. Onassis se encantou pela diva e casou com a mulher… E Callas tinha o sonho de ser mãe, de sossegar, por assim dizer…

Maria Callas e Onassis – Foto: Reprodução da internet

Depois da morte do filho prematuro, o casamento ruiu. Onassis, como um bom controlador e narcisista gostava de exibir sua diva e davam festas e mais festas… Maria Callas foi perdendo sua voz (e olha que quando você escuta suas últimas gravações,  a pele arrepia e o coração acelera, imagine com toda a potencia “antes” de Onassis!). Onassis a deixou para se casar com Jackie O. Ou Jackeline Kennedy… Além de não dar certo, isso sugou o espirito de Callas. Dizem que Onassis morreu chamando por Callas (bemmm FEITO!). E Callas, aos poucos, foi se isolando….Onassis foi seu grande amor.

Frida Kahlo e Diego Rivera também foram um casal em que ela sofria incessantemente com as traições de do marido, se separaram, voltaram, casaram-se duas vezes … Frida morreu primeiro. Diego traia, mas quando ela teve um affair com Trotsky, ele ficou furioso. Ok!

Frida Kahlo e Diego Rivera – Foto: Reprodução da internet

Vejam como a história é sempre a mesma. Mulheres talentosas, com relacionamentos tóxicos (Margareth Mead em “Olhos grandes”, lembram?). Inclusive, homens que abandonam as famílias pela arte não sofrem tanto preconceito. E muitas mulheres querem relacionamentos “normais”, querem ter filhos ou filhas, algo que crie raízes e equilíbrio emocional, já que artistas passam por altos e baixos, por causa do processo de criação. Infelizmente, isso é não acontece sempre.

Outro exemplo? Lee Krasner, que não parou de pintar, mas que sofreu imensamente com seu relacionamento com Jackson Pollock, que era alcoólatra, mulherengo e auto destrutivo. A carreira de Krasner só evoluiu depois da morte de Pollock (que, aliás, estava com a amante na hora do acidente). Lee Krasner fez TUDO o que podia pelo marido, a paga foi a carreira dela caminhando lentamente e as traições de Pollock.

Lee Krasner e Jackson Pollock – Foto: Reprodução da internet

Fica claro, que sempre para as mulheres, de uma forma ou de outra, fica o peso de relacionamentos tóxicos, influenciando em demasia a vida e claro, a obra!

Mais difícil é encontrar maridos ou companheiros que dão total apoio para artistas mulheres, ou suas famílias… Tomie Otake, mesmo estudando artes cedo, optou por criar sua família primeiro (muito bem criados, diga-se de passagem) para depois poder ocupar-se inteiramente pelo seu trabalho. No caso, nunca se soube de qualquer abuso, apenas que foi uma escolha pessoal dela. Será que um artista homem faria o mesmo?

E gente, nada contra os artistas homens, ok? Mas fica bem claro na história das artes que poucas mulheres aparecem como artistas. Aparecem sim, mas mais nuas nas paredes dos museus, aparecem mais como musas. E, assim como as “mussas” de Picasso, nem sempre acabava bem. Camille Claudel e Rodin, outro clássico relacionamento abusivo do professor mais velho, casado e a aluna talentosa e mais nova…Todos sabemos o final… Camille morreu dentro de um sanatório. O nome disso tudo é MACHISMO!

E a arte empodera! Tanto que, apesar das traições e dores, as obras de todas essas mulheres continuam tão poderosas que as conhecemos ainda hoje! E de muitas outras!

Agora , imagine a importância do trabalho de Shamsia Hassani! Artista afegã, também já citada nessa coluna. Importantíssima voz, para as mulheres, principalmente aquelas que o Talibã quer apagar as vozes e seus corpos!

Adianta falar para repensarmos? Não sei! Creio que as mudanças precisam ser tão profundas que as mulheres que criam esses homens machistas precisam também repensar seus valores. E os homens aprenderem que podem, que relacionamento não é uma concorrência, aprenderem a serem verdadeiros pais! Não deixando a carga toda para as mulheres! E para os abusadores? Cadeia! Perpetua, homens assim acabam matando!

Fico pensando…. se os homens fossem estuprados tão comumente como as mulheres são… isso já não seria um crime tão hediondo que já daria perpetua? Aliás, hora do nosso País, uns dos mais racistas, machistas e homofóbicos do mundo, mudar as leis! Vai demorar….com certeza.

Para pais e mães… não criem suas filhas como princesas, criem as meninas para não serem abusadas! De nenhuma forma…. E, prestem atenção se os abusadores não estão dentro da própria casa! E para eles: cadeia!

Para todas as mulheres, deixo a oração das amazonas que está nesta página: “o juramento das amazonas livres da guilda das amazonas livres”. É lindo! Guardem nos seus corações… Dedico à todas e todes!

Foto: Ana Paula Barcellos

Angela Diana

Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos.

Foto: Print de vídeo de Maria Callas no Youtube

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