Ontem assisti dois documentários : um sobre Turner e outro sobre Georgia, ambos me tocaram, mas hoje me vi compelida a falar de O’Keeffe! Admito que, infelizmente, não conhecia a dimensão da sua obra….O que não é anormal….Infelizmente, também no mundo das artes, os artistas homens sempre se sobressaíram.
Mulheres eram consideradas inferiores, e aquelas que nasciam em “berços de ouro” eram tratadas de formas piores, já que existiam apenas para o casamento e para parir os filhos. Algumas eram internadas em hospícios como loucas e, quase sempre, mesmo as mulheres mais resistentes, tiveram por algum tempo problemas emocionais por causa dos seus companheiros. Vide Frida Kahlo com Diego Rivera ou Krasner, artista e mulher de Pollock!
Com O’Keeffe não foi diferente! Mesmo trabalhando duro, mudou -se para Nova Iorque, porque o fotógrafo Alfred Stiglitz lhe deu guarida e suporte. Mesmo sendo 25 anos mais velho, o romance não demorou a acontecer, influenciando as obras de ambos. Ele também era galerista e foi o responsável por apresentar as obras de Georgia pelos Estados Unidos.
Uma das exposições mais marcantes foram do período que Georgia pintava grandes flores e Stiglitz fez vários retratos dela nua. Isso fez com que dissessem que suas flores eram grandes genitálias femininas (ela nunca confirmou isso, dizendo que o cada um via o que sentia)…
Depois de alguns anos. Stiglitz a traiu, causando em Georgia uma crise nervosa. Ela foi então para o Novo México, construindo sua casa e atelier em Santa Fé. Stiglitz foi acometido de um AVC, Georgia ainda o amparou nos últimos momentos e, depois de sua morte, continuou morando em Santa Fé.
Adorava andar pelo deserto e fazia coleções de ossos encontrados por lá. Pintou plantas, flores, montanhas e todo o ar de magia do deserto…Seus ajudantes e amigos ainda cuidam da casa no rancho que hoje é o seu museu. Ela morreu em 1986, com 98 anos.. Infelizmente, nos últimos anos de vida, sua visão já estava muito limitada, ela estava quase cega…O inferno para todo artista plástico.
Ela se tornou tão importante que é considerada a “mãe” da arte moderna nos Estados Unidos, além de ter suas obras em leilões na Sotheby’s e obras em museus no mundo todo, inclusive na Tate Gallery em Londres! Creio que ela se tornou maior que Stiglitz! Claro que não é uma competição! Mas, como disse no início, não é sempre que entre artistas mulheres isso aconteça….Infelizmente.
Uma mulher incrível, à frente do seu tempo….
Boa semana! Paz , amor e arte! Porque precisamos da energia da beleza nesse mundo caótico!
Angela Diana
Sou londrinense e me dedico à arte desde 1986 quando pisei pela primeira vez no atelier de Leticia Marquez. Fui co-fundadora da Oficina de Arte, em parceria com Mira Benvenuto e atuo nas áreas de pintura, escultura, desenho e orientação de artes para adolescentes e adultos.
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